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Guimarães e Braga de mãos dadas na requalificação da Falperra

Catarina Castro Abreu
Cultura \ sexta-feira, janeiro 06, 2017
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Na divisão administrativa dos territórios de Braga e Guimarães está implantado o Santuário de Santa Maria Madalena da Falperra, classificado a 2 de Janeiro último, como Monumento Nacional.

Os municípios de Guimarães e Braga vão estabelecer uma parceria “numa espécie de programa de salvaguarda da Falperra”, informou esta quinta-feira, 5 de Janeiro, o vereador José Bastos. Sem adiantar pormenores sobre o projeto, o responsável autárquico disse que este “programa inovador intermunicipal” prova que não há nenhuma polémica sobre a Capela de Santa Maria Madalena da Falperra.

Até há bem pouco tempo a Capela de Santa Maria Madalena da Falperra, cujo edifício está em Santa Cristina de Longos e cuja envolvente pertence já ao concelho de Braga, envergava uma placa informativa dizendo que o monumento pertencia ao conjunto de arquitetura barroca de Braga. Entretanto, a Câmara Municipal de Guimarães estabeleceu um protocolo com a Irmandade que gere aquele espaço, no sentido de o requalificar, medida coroada a 2 de janeiro com a inclusão da Capela de Santa Maria Madalena da Falperra na lista de monumentos nacionais.

Terminou assim a polémica que o vereador José Bastos diz nunca ter existido: “Não há nenhuma polémica. Logo que tivemos conhecimento [do conteúdo informativo da placa] fiz um contacto pessoal com o vereador da Cultura de Braga, Miguel Bandeira, que prontamente se propôs a corrigir a situação”. Explica que ambos os responsáveis autárquicos esperaram pela inscrição da capela como monumento nacional para mudar a placa. A mesma foi descerrada esta quarta-feira, 4, pelos vereadores da Cultura de Braga e Guimarães.

Para reforçar as relações entre os dois municípios, Bastos anunciou “um projeto chamado "Montanha Sagrada", que une Guimarães e Braga num programa inovador intermunicipal, que é uma espécie de programa de salvaguarda da encosta da Falperra”. O vereador vimaranense escusou-se a falar mais sobre a ideia, que “será apresentada a curto prazo”.

Sobe para 21 o número de monumentos nacionais em Guimarães. A Capela de Santa Maria Madalena da Falperra separa administrativamente os territórios de Guimarães e Braga. Terá sofrido a primeira intervenção mais significativa no tempo do Arcebispo D. Diogo de Sousa (1505-1532). É, contudo, durante o século XVIII, sob o traço do arquiteto André Soares, que o templo adquire a imagem monumental que hoje se lhe conhece.

No santuário, destaca-se ainda a frontaria antecedida pelo escadório, obra mista de arquitetura e escultura, com realce para o trabalho minucioso em torno do granito. O interior do monumento tem igualmente um património integrado em altares e retábulos, que enfatizam o valor simbólico e paisagístico da envolvente ao santuário, onde pontificam uma alameda de sobreiros e carvalhos, uma estação arqueológica, um antigo convento franciscano, capelas e um cruzeiro.

Primeiro decreto governamental de 2017 oficializa 21.º Monumento Nacional para Guimarães
A classificação oficial do Santuário de Santa Maria Madalena da Falperra como Monumento Nacional foi assinalada, esta terça-feira, naquele local, pelo descerramento de uma placa informativa.

Na cerimónia estiveram presentes os vereadores da Câmara Municipal de Guimarães e Braga, José Bastos e Miguel Bandeira, respetivamente, bem como, o tesoureiro e o Presidente da Mesa (Miguel Santos) da Comissão Administrativa da Irmandade de Santa Maria Madalena do Monte e de Santa Marta da Falperra.

O templo, constituindo um dos monumentos do estilo rococó mais relevantes nacionais, é, assim, partilhado por Guimarães e Braga e é composto por um conjunto de elementos (capelas, cruzeiro e alameda) integrados no seu contexto paisagístico e organizados ao longo de um percurso de romaria, em função da Capela de Santa Maria Madalena.

Segundo documentos datados do século XVI, tem a sua génese numa pequena ermida dedicada a Santa Maria Madalena e a sua área de implantação abrange a freguesia de Longos, no concelho de Guimarães, e a União das Freguesias de Nogueira, Fraião e Lamaçães, em Braga.

“Esta classificação permite dar outra notoriedade ao monumento e ao território onde está inserido, uma vez que possui potencial turístico e, com toda a certeza, irá aumentar a sua visitação. O Santuário é riquíssimo e muito importante do ponto de vista patrimonial”, considera José Bastos.

Por seu turno, Miguel Bandeira referiu que “A paisagem florestal que envolve este património comum já não é um motivo de divisão, mas sim uma alavanca para um projeto comum”.