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Fátima Saldanha: “Temos apostado nos serviços públicos de proximidade”

Bruno José Ferreira
Freguesias \ sexta-feira, abril 19, 2024
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Eleita presidente da Junta de Freguesia de Brito em 2013, há 11 anos, Fátima Saldanha está a meio do seu último mandato autárquico.

São anos de “constrangimentos financeiros”, assume, nos quais tem tentado promover o bem-estar da população, lançando as bases para projetos de maior nomeada.

 

Há 11 anos na liderança dos destinos da Junta de Freguesia de Brito, que balanço faz do trabalho desenvolvido?

Faço um balanço positivo, tendo em conta os recursos financeiros de que esta Junta dispõe. Herdamos uma herança pesada do executivo anterior. Ainda assim, sempre quisemos trabalhar para a população, com muitas dificuldades, mas sem desistir de tentar proporcionar o melhor a todos. Todos os anos é retido dinheiro do Fundo de Financiamento: 20% do valor é retido automaticamente devido a questões anteriores ao meu executivo, anteriores a 2013, o que dificulta a nossa tarefa.

 

Quais têm sido as principais apostas?

Temos apostado, sobretudo, nos serviços públicos para a população, de proximidade, como o Espaço Cidadão, a enfermagem, psicologia, assistência social, aconselhamento jurídico ou loja social que tem vindo a crescer. A secretaria da Junta não se limita às suas funções. Faz muito mais do que isso. É uma porta aberta à população em várias situações. Achamos que estes serviços são muito importantes.

 

Há algum projeto de grande envergadura que deva ser prioritário na freguesia?

Estamos numa freguesia em que existem os serviços, mas não temos uma estrutura que tenha a capacidade de acolher todos estes serviços de uma forma digna. Um edifício maior para a Junta, um espaço para as associações. Tínhamos a Escola da Ribeira, inclusive com um subsídio atribuído para requalificar aquele espaço e ter lá a junta e as associações. Entretanto, a maior necessidade da freguesia naquela altura era a criação de creche. Houve a oportunidade, através do Governo, de se fazer um investimento naquele espaço. Cedemos o nosso sonho de melhorar a infraestrutura para um bem maior, para servir a população. Contribuímos para a solução. Agora temos um desafio, que é encontrar um sítio para poder acolher uma nova Junta de Freguesia. Estamos a trabalhar para isso, não será fácil, mas é uma pretensão nossa.

Queremos uma nova centralidade na vila. Foi debatido isso na última eleição. Acreditamos que temos capacidade para isso e até, quem sabe, instalar lá depois os nossos serviços públicos. É um trabalho que temos de construir, em colaboração com o município.

 

A rede viária é, também, uma das questões que merece atenção?

Sem dúvida. Algumas ruas foram requalificadas, mas existe uma série delas que há muitos anos não são intervencionadas e precisam de obras. Mas, antes disso, estamos a repor a rede de gás natural. A cobertura vai ficar muito maior. Claro que para haver essa estrutura – e não somos nós a fazê-la, mas tem de haver a nossa voz e a nossa insistência numa luta de algum tempo – estamos a estragar as ruas. Depois vamos ter de as pavimentar. Os processos têm de ser faseados, temos a noção de que, provavelmente, não iremos repor os pavimentos todos, mas estamos a seguir os processos necessários. Onde falta a rede de água estamos a fazer isso, assim como o gás. Quando essas infraestruturas estiverem concluídas, depois estão prontas a ser pavimentadas. É uma das nossas lutas.

 

Neste leque de ruas inclui-se a Estrada Nacional 310…

Trata-se de uma Estrada Nacional. Não está sob alçada do município, o que dificulta um pouco mais, e espero que, com a mudança do Governo, não haja um abrandar da situação, porque temos vindo a lutar desde 2013.

Já iniciámos o processo de remoção das árvores, sabemos que fazem falta e queremos árvores, mas aquele troço da estrada precisa de uma solução porque já eram um perigo, e temos também a questão das águas pluviais, e a questão das passadeiras, mais iluminadas. Há quem defenda que deveria haver lombas. Tem de se estudar, em termos técnicos, as melhores soluções, até para reduzir a velocidade. Temos insistido com as entidades para serem parte do processo com a nossa proximidade.

 

A vila de Brito é uma das que é atravessada pelo rio Ave. Como está o processo da ecovia?

Temos muito potencial na parte da zona do rio. Há uma parte significativa que já começou a falar com os proprietários de terrenos e a conseguir acordos. Já conseguimos fazer essa parte juntamente com o município e o Laboratório da Paisagem. Já houve uma limpeza e já se pode caminhar junto ao rio de uma forma segura. Queremos muito mais, temos outros projetos. Temos terrenos junto ao rio que serão do município e terão um grande potencial para criar infraestruturas. Temos de ver as melhores soluções. Demos os primeiros passos para agora acontecer um boom, não só em relação à aproximação ao rio, como noutros processos.

 

Além destes projetos, há pequenas ações que vão fazendo de Brito uma vila dinâmica…

Claramente. A oferta cultural é uma área que queremos reforçar ainda mais, com o apoio da Astronauta, do ExcentriCidade – através do município, que é muito importante para a freguesia.  Temos o Move Brito, um projeto que orgulha muito esta freguesia, um trabalho de formiguinha, invisível, mas que é muito importante. 

O nosso parque de lazer foi inaugurado em 2005, é pequeno, mas serve a freguesia. Temos lá o parque infantil que, admitimos, está sem dignidade nenhuma. O processo está em andamento. Contamos ter em julho um novo parque instalado. A nossa escola foi requalificada há pouco, pequenas coisas, mas que têm de ir sendo feitas, para dar a melhor qualidade de vida possível a todos. Tem de ser assim, de forma paciente, porque temos muitos constrangimentos financeiros que não conseguimos ultrapassar.

[ndr] Parte do suplemento sobre a vila de Brito publicado na edição de abril do Jornal Reflexo.