
Estudo indica que BRT a bateria é mais barato e rentável do que hidrogénio
Uma frota de veículos para o sistema bus rapid transit (BRT) previsto para a ligação da cidade de Guimarães ao norte do concelho, por Caldas das Taipas, e ao município vizinho de Braga, onde ficará instalada a futura estação para o eixo ferroviário de alta velocidade, é mais barata a bateria do que a hidrogénio, disse José Mendes, engenheiro civil da Universidade do Minho que, desde janeiro de 2022, coordena os estudos relativos ao BRT, durante a reunião extraordinária da Câmara Municipal de Guimarães, decorrida na segunda-feira, no Centro Cultural Vila Flor.
Os gastos por quilómetro comercial da frota a bateria são de 5,98 euros por quilómetro e os da frota a hidrogénio são de 7,56 euros. Tais números equivalem a gastos anuais de três milhões de euros no sistema a bateria e de quatro milhões no sistema a hidrogénio, revela a síntese de estudos apresentada por José Mendes, engenheiro civil da Universidade do Minho que coordena os estudos relativos ao BRT desde janeiro de 2022.
A apresentação estima ainda que o investimento total numa frota a bateria é de 159 milhões de euros, com a possibilidade de garantir 108 milhões de euros através de subsídios, e que o investimento numa frota a hidrogénio é de 172 milhões, com a hipótese de 117 provirem de candidaturas a fundos. A receita anual estimada a partir de 2028 é de 6,2 milhões de euros.
José Mendes defendeu que apenas o sistema a bateria é “sustentável do ponto de vista económico”; ao aliar as estimativas económicas aos benefícios sociais e ambientais, o estudo adianta que o valor atual líquido do sistema a bateria é de 15,3 milhões de euros e se paga a si mesmo em 29 anos, enquanto o da frota de hidrogénio é negativo, em 14 milhões de euros, não sendo possível recuperar o valor do investimento até 30 anos.
O estudo considera que a frota vai dispor de 11 veículos com 18 metros de comprimento e um com 12 metros de comprimento, 20 motoristas, a realizar cerca de 513 mil quilómetros por ano num período de 30 anos – 01 de dezembro de 2026 a 31 de dezembro de 2055 é o horizonte teoricamente definido.
A estimativa anual de passageiros para o futuro itinerário entre Guimarães e Braga é de 3,25 milhões de passageiros, a maioria a utilizar as paragens no concelho de Guimarães, o que se traduz em 13 mil passageiros diários e na retirada de 48 mil passageiros a circular em automóveis, por quilómetro.
O trabalho para a implantação da linha de BRT no troço entre a cidade de Guimarães e a Morreira está mais adiantado do que o troço entre a Morreira e o centro de Braga, num total de 20,5 quilómetros. Nessa rota, que inclui 12 paragens no concelho de Guimarães e seis de Braga, inclui-se ainda o ramal para o Avepark, com quatro paragens, cujo itinerário terá duas vias até à entrada no parque de ciência e tecnologia. Aí, o veículo seguirá em sentido único, num trajeto circular com o parque industrial da Gandra, antes de reentrar na ligação pelo sentido contrário.
“O automóvel ganha sempre na autoestrada, mas não servimos a procura intermédia. O BRT garante pontualidade do horário, ao contrário do atual sistema. Nada impede que se avance do lado de Guimarães, antes de avançar o troço pelo concelho de Braga”, referiu José Mendes.
André Remédio, da Engimind, apresentou, por seu turno, o estudo de inserção do BRT no sistema urbano de Guimarães, revelando as soluções adotadas para a circulação em alguns pontos: o projetado meio de transporte vai sair da futura estação pelas vias mais centrais da Alameda Alfredo Pimenta, incluindo o chafariz junto à esquadra da PSP, que será eliminado, por duas das vias da rua de Santa Eulália, aproveitando a faixa junto à urbanização semicircular para completar o tráfego rodoviário e pelas vias centrais junto à bomba de gasolina, no alto da Nossa Senhora da Conceição. A solução prevista para a travessia do rio Ave, entre Ponte e Caldas das Taipas, não foi divulgada. No ano passado, Domingos Bragança sugeriu a construção de um novo tabuleiro contíguo à ponte.
O estudo de inserção tem conclusão prevista para a última semana de junho ou para a primeira de julho. Em 2024, o documento relativo às sondagens geotécnicas indicava a possibilidade de dois troços paralelos à Estrada Nacional 101, em Fermentões e em Ponte.