
Esta foto foi tirada com telemóvel: taipense ganhou um prémio internacional
Na aldeia espanhola de San Lourenzo de Sabucedo, em Pontevedra, há um ajuntamento curioso todos os anos. Quase um ritual, o corte da crina de cavalos selvagens leva à pequena povoação galega aficionados do mundo da cavalaria, curiosos, turistas e fotógrafos. Numa das últimas edições, o taipense Filipe Salgado tomou um lugar no curral circular de pedra e tirou uma fotografia que lhe valeu um prémio. E tudo por causa da chuva.
Filipe foi um dos grandes vencedores da edição 2022 do prémio Huawei Next-Image Awards, concurso mundial para fotografias tiradas… com telemóvel. Sim, a imagem (em cima) foi capturada com um smartphone.
O taipense explica: “Já conhecia a Rapa das Bestas e o meu objetivo era ir a Pontevedra e tirar fotos aos cavalos, é um evento conhecido e que chama muita gente. Comecei a tirar, mas começou a chover. Para não molhar a máquina, guardei-a e peguei no telemóvel. Foi mesmo uma sorte.”
A fotografia fez o seu caminho. Primeiro, ganhou o concurso nacional da fabricante chinesa; depois, entre centenas de submissões, arrebatou o grande prémio. A fotografia – a que Filipe deu o nome de “Força” – valeu um dos três primeiros prémios no valor de 10 mil dólares. “No concurso de Portugal tinha alguma esperança. O global nunca pensei”, acrescenta.
Filipe capturou o momento em que um aloitador (lutador, numa tradição literal) consegue saltar para cima de um dos equídeos e eterniza a vida em comunhão entre animal e Homem.
A imagem transmite “ordem no movimento”, comentou a jurada Nicole Xue, ex-diretora editorial da revista de moda ELLE China. “Há uma beleza harmoniosa nos detalhes. A imagem oferece uma vitalidade imparável, que é o que o mundo e nós, que estamos a olhar para a imagem, precisamos mais neste momento.”
(Fotografia original)
Quando Filipe vai, a máquina vai também
Com 36 anos, a fotografia “é muito recente” na vida de Filipe Salgado. Até há uns tempos, “não era nada sério”. “Fazia o que toda a gente faz”, indica. Ou seja, o telemóvel saía do bolso para captar determinado momento. “Foi há cerca de quatro anos que comecei a levar isto mais a sério”. Compra uma máquina fotográfica e dispara pela cidade de Guimarães e em eventos “maiores”.
“Quando saio para algum lado, a máquina vai sempre comigo. Gosto pelo facto de ser um hobby e poder fotografar sem pressão. Acho que se me dissessem para fotografar um casamento ou batizado, recusaria”, diz.
Filipe Salgado trabalha numa ótica na vila de Caldas das Taipas e adianta que, quando receber o prémio, um dos investimentos será material fotográfico. Nos últimos tempos, as imagens do taipense foram selecionadas pela Fujifilm para integrarem um calendário ibérico, pela Confraria do Sameiro e pelo Município de Avis.
O concurso da Huawei destaca-se pelo cárcater internacional. No total, foram distinguidos 54 trabalhos. Para além do português, também Enrica Brescia, de Itália, e Wang Zihao, da Alemanha, venceram o prémio principal. O objectivo, diz a gigante chinesa, “é mostrar o papel da fotografia móvel na vida quotidiana, através da apresentação de obras de destaque que mostram a amplitude das experiências humanas”.