Em cada página deste livro um amigo (e Abril também se perpetua assim)
Há um trabalho de um núcleo de 17 pessoas que perdura há mais de uma década. As metas foram definidas desde cedo: envolver alunos – centenas de pequenos aprendizes –, escolas e bibliotecas do concelho e difundir o espírito de Abril. E se a liberdade passou por muitos sítios ao longo dos anos, também passou pelo Instituto de Design de Guimarães nesta quarta-feira. Por lá, foi apresentado o livro “Não atiramos a toalha ao chão”, a materialização do trabalho contínuo do Núcleo de Estudos 25 de Abril (NE25A). O título reflete a postura de um movimento que, mesmo no ano e meio ensombrado pela pandemia, não parou.
Mas este livro não é um fim de um ciclo. E isso foi vincado pelo painel (de amigos) que o apresentou. Para além de Amadeu Faria, coordenador da coletividade, estiveram presentes Adelina Paula Pinto, vereadora da cultura, e a diretora do Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda, Rosalina Pinheiro.
“O trabalho do NE25A com bibliotecas e em várias áreas culminou neste livro: mas não será o fim de um ciclo, há um trabalho que veio desembocar neste livro, mas até por força desta necessidade, destas contra-correntes [que colocam em causa a liberdade], precisamos de continuar a trabalhar. Individual e coletivamente”, frisou Adelina Paula Pinto.
Da parte do grupo que nasceu a norte do concelho, Amadeu Faria deixou uma garantia: “Enquanto existirmos, os 17 membros do núcleo garantimos uma coisa: lutar pela liberdade”. O coordenador deixou ainda uma mensagem de apreço e saudade a outros dois “amigos” que já não puderam testemunhar a materialização de um trabalho de décadas: Francisca Abreu e Otelo Saraiva de Carvalho.
Todos somos poucos
O título do livro também acaba por resumir a postura de quem pôs fim a 41 anos de uma longa noite que pairou sobre Portugal. Aquele dia, o 25 de Abril de 1974, só foi possível “porque houve pessoas que não atiraram a toalha ao chão”, enquadrou Rosalina Pinheiro.
O livro lançado esta quarta-feira é composto por 31 textos (15 assinados por mulheres e 16 por homens), “que se vão tocando” e vão do “pessoal ao político”. Os soldados com cravos mergulhados nos canos das espingardas – imagem plasmada no mural desenhado no muro das piscinas das Taipas – ilustram a obra.
Tal como esse mural, de trabalho colaborativo que envolveu a sociedade civil, o livro também nasceu da necessidade de perdurar o espírito de Abril. “E todos somos poucos para continuar a passar esta ideia”, vincou Adelina Paula Pinto.