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Em Barco, uma comunidade vê fotografias e olha-se ao espelho

Pedro C. Esteves
Cultura \ quinta-feira, setembro 23, 2021
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O GRC Barco organiza a exposição "Fanfarras e Romarias" e o plano passa por levá-la a outros recantos. Para já, o principal propósito: fortalecer laços e "juntar as pessoas" está cumprido.

Por estes dias, em São Cláudio de Barco, há olhos atentos que se demoram em imagens de outros tempos em pleno Largo da Igreja. Imagens que retratam tempos idos – e que, agora, são revisitados. Isto porque está, desde o final do mês de agosto, patente uma exposição com 40 fotografias angariadas pelo Grupo Cultural e Recreativo de Barco. A instalação “Fanfarras e Romarias” retrata o passado de uma comunidade, mas também giza planos futuros desta coletividade que celebra mais um aniversário.

“O grupo está a comemorar os 45 anos e com a pandemia não conseguimos realizar os eventos agendados. Pensamos nesta exposição para retratar o grupo, mas não só. Com esta exposição queremos também lembrar aquela que é a grande romaria de Barco: a de Nossa Senhora dos Remédios”, frisa o dirigente do Grupo, José Miranda.

Nestes 40 “espelhos” cabem vidas de muitas pessoas com “80 ou 90 anos” que, segundo José Miranda, ainda se reconhecem nas fotografias retiradas das gavetas e encontradas “com ajuda de amigos” desta coletividade a norte do concelho: a Câmara Municipal de Guimarães, Junta de Freguesia de Barco, Jornal “Reflexo”, Paróquia de Barco e Carlos Marques apoiaram a divulgação.

E esse reconhecimento entre pessoa e retrato (história) ajuda no "fortalecimento e estreitar" de laços entre comunidade e um grupo com atividade que pontua muitas décadas da freguesia. A mostra está disponível para visita até dia 13 de setembro, mas, para já, o retorno é “positivo”. “Ultrapassamos as expectativas. Está a ser muito bem acolhida por parte das pessoas. A adesão tem sido significativa e isso deixa-nos entusiasmados”.

O entusiasmo que José Miranda descreve ao Reflexo também se deve ao carácter agregador da iniciativa. Sem fanfarra e atividades que exigiam o contacto próximo, a exposição reveste-se também com esse propósito: de aproximar; de “juntar as pessoas”. “Já partimos para os 46 anos, sem parar um dia. Com altos e baixos, mas nunca parou. Mesmo assim, com a pandemia, mexemos sempre. Tem um significado e um carinho incrível ver o reconhecimento e o retorno por parte das pessoas”, explica o dirigente.

Estes retratos fortalecem ligações

A adesão da comunidade fez com que o Grupo Cultural e Recreativo de Barco pense no devir. Já há outra exposição nos planos, mas primeiro o plano passa por levar esta às freguesias vizinhas de Souto Santa Maria e Caldelas (locais onde o grupo mantém
implantação). Com a exposição também ficaram dissipadas as dúvidas acerca do futuro regresso às atividades da organização – à imagem de outros grupos do concelho, havia o receio de que os sucessivos confinamentos atirassem as pessoas para outras rotinas, distanciando-as do seio do coletivo.

"Tínhamos essa grande preocupação, mas ficamos satisfeitos porque vimos a fanfarra aparecer em peso nesta exposição, sinal de que continuam connosco”. E só não voltaram mais por causa das férias: “Isso quer-nos dizer que as pessoas vão estar presentes connosco. Estava na expectativa, mas vi que sim”.

Aquando da celebração dos 45 anos, José Miranda referia ao Reflexo que o grupo estava “ansioso para mostrar” serviço. Para já, a missão passa por “juntar as tropas” e explorar o passado; as fanfarras e cortejos podem estar mesmo aí à porta. “Resta-nos esperar”, diz o dirigente.