Em Barco, uma comunidade vê fotografias e olha-se ao espelho
Por estes dias, em São Cláudio de Barco, há olhos atentos que se demoram em imagens de outros tempos em pleno Largo da Igreja. Imagens que retratam tempos idos – e que, agora, são revisitados. Isto porque está, desde o final do mês de agosto, patente uma exposição com 40 fotografias angariadas pelo Grupo Cultural e Recreativo de Barco. A instalação “Fanfarras e Romarias” retrata o passado de uma comunidade, mas também giza planos futuros desta coletividade que celebra mais um aniversário.
“O grupo está a comemorar os 45 anos e com a pandemia não conseguimos realizar os eventos agendados. Pensamos nesta exposição para retratar o grupo, mas não só. Com esta exposição queremos também lembrar aquela que é a grande romaria de Barco: a de Nossa Senhora dos Remédios”, frisa o dirigente do Grupo, José Miranda.
Nestes 40 “espelhos” cabem vidas de muitas pessoas com “80 ou 90 anos” que, segundo José Miranda, ainda se reconhecem nas fotografias retiradas das gavetas e encontradas “com ajuda de amigos” desta coletividade a norte do concelho: a Câmara Municipal de Guimarães, Junta de Freguesia de Barco, Jornal “Reflexo”, Paróquia de Barco e Carlos Marques apoiaram a divulgação.
E esse reconhecimento entre pessoa e retrato (história) ajuda no "fortalecimento e estreitar" de laços entre comunidade e um grupo com atividade que pontua muitas décadas da freguesia. A mostra está disponível para visita até dia 13 de setembro, mas, para já, o retorno é “positivo”. “Ultrapassamos as expectativas. Está a ser muito bem acolhida por parte das pessoas. A adesão tem sido significativa e isso deixa-nos entusiasmados”.
O entusiasmo que José Miranda descreve ao Reflexo também se deve ao carácter agregador da iniciativa. Sem fanfarra e atividades que exigiam o contacto próximo, a exposição reveste-se também com esse propósito: de aproximar; de “juntar as pessoas”. “Já partimos para os 46 anos, sem parar um dia. Com altos e baixos, mas nunca parou. Mesmo assim, com a pandemia, mexemos sempre. Tem um significado e um carinho incrível ver o reconhecimento e o retorno por parte das pessoas”, explica o dirigente.
Estes retratos fortalecem ligações
A adesão da comunidade fez com que o Grupo Cultural e Recreativo de Barco pense no devir. Já há outra exposição nos planos, mas primeiro o plano passa por levar esta às freguesias vizinhas de Souto Santa Maria e Caldelas (locais onde o grupo mantém
implantação). Com a exposição também ficaram dissipadas as dúvidas acerca do futuro regresso às atividades da organização – à imagem de outros grupos do concelho, havia o receio de que os sucessivos confinamentos atirassem as pessoas para outras rotinas, distanciando-as do seio do coletivo.
"Tínhamos essa grande preocupação, mas ficamos satisfeitos porque vimos a fanfarra aparecer em peso nesta exposição, sinal de que continuam connosco”. E só não voltaram mais por causa das férias: “Isso quer-nos dizer que as pessoas vão estar presentes connosco. Estava na expectativa, mas vi que sim”.
Aquando da celebração dos 45 anos, José Miranda referia ao Reflexo que o grupo estava “ansioso para mostrar” serviço. Para já, a missão passa por “juntar as tropas” e explorar o passado; as fanfarras e cortejos podem estar mesmo aí à porta. “Resta-nos esperar”, diz o dirigente.