
Elementos do Corpo Ativo questionam forma de atuação do Comandante
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas das Taipas (AHBVCT), prestes a completar 138 anos de existência, tem tido no seu percurso de vida, como é do conhecimento geral, alguns episódios que beliscam o bom funcionamento, quer do Corpo Ativo, quer da sua Direção/Órgãos Sociais.
Alguém terá dito em tempos que não é fácil gerir uma casa cuja forma de gestão é bicéfala. Por um lado, a Direção e por outro, o Comando, este último com a responsabilidade e competência para lidar com a parte operacional e de prestação de socorro à população, o Corpo Ativo.
Também não será difícil de perceber que em termos operacionais, a gestão de muitas cabeças, como é o caso, nem sempre é compatível com a possibilidade de se poder agradar a todos. A tarefa não será fácil.
Com a eleição dos atuais órgãos sociais da AHBVCT, em dezembro de 2022, para um mandato que termina no final deste ano, a Direção eleita, presidida por Luís Soares, avançou com o nome de Hermenegildo Abreu, para o cargo de Comandante da corporação dos bombeiros taipense. Até julho desse mesmo ano, Hermenegildo Abreu foi Comandante Distrital de Proteção Civil do Distrito de Braga, tendo, antes de ter assumido esse cargo, sido Comandante da corporação dos bombeiros das Taipas durante alguns anos.
Um nome, à partida, consensual, num regresso a uma casa que comandou durante anos, com um perfil técnico e pessoal que não levantou grandes ondas, pelo menos para quem observou o desenrolar dos acontecimentos do lado de fora. Tendo tomado posse do cargo a 11 de março de 2023, prestes, pois, a completar dois (dos cinco) anos de exercício de funções, Hermenegildo Abreu parece não estar a ter trabalho fácil na gestão do seu Corpo Ativo.
O Reflexo sabe que, inicialmente de forma anónima e, mais recentemente, com os autores devidamente identificados, têm chegado à Direção da AHBVCT denúncias de mau estar sentido por elementos da corporação taipense, devido a, como referem os denunciantes, “alguns acontecimentos e situações que dizem diretamente respeito ao Comandante Hermenegildo Abreu”, nomeadamente, no uso de “desrespeito para com os Chefes” em situações que, passam depois a elencar, tais como, não dispor de uma “comunicação regular e necessária com os Chefes” fazendo-o apenas quando se verifica ser “da sua própria conveniência”; proceder a alterações no quartel ou em veículos, bem como na aquisição de um veículo, “sem dar qualquer conhecimento às chefias”.
Na referida missiva, são ainda apontadas algumas situações de cerimónias e atividades operacionais em que se verificou a ausência de representação da corporação taipense, entre as quais, elencam, na “apresentação do dispositivo municipal”.
Para os elementos do Corpo Ativo que endereçaram esta exposição à Direção, “existe a divisão notória do Corpo de Bombeiros em “grupinhos”, que são constituídos pelos seus amigos e apoiantes”. Adiantam ainda que “os bombeiros e principalmente os funcionários respiram um ambiente tóxico no quartel, cobertos de medos e receios de sofrerem represálias por parte do Comandante”.
Terminam a sua exposição alegando “não haver condições para continuar desta forma” dizendo ainda sentirem-se “abandonados” e “entregues às vontades” do Comandante.
Direção diz ter feito o que lhe competia, nos termos da Lei
Contactada a Direção da AHBVCT, na pessoa do seu Presidente, Luís Soares, confirmamos a receção destas missivas. Foi-nos dado nota que relativamente às diligências tomadas junto do Comandante, no sentido de perceber/apurar a veracidade, ou não, dos factos descritos na referida carta, a Direção “fez o que lhe competia” nos termos da Lei e que, relativamente à correspondência recebida, “assinada por elementos do Corpo Ativo foi a mesma remetida para as entidades competentes”.
Sobre a possibilidade desta situação influenciar no bom funcionamento operacional da corporação, Luís Soares refere que “o funcionamento operacional depende de todo o corpo ativo, ou seja, de todos os bombeiros. A Direção tem colocado à disposição os meios necessários para o bom funcionamento.”
“A farda dos bombeiros é respeitada pelas populações e são os bombeiros que asseguram a prestação do socorro como tem sido até aqui. Os bombeiros das Taipas têm sabido exercer a sua missão, garantindo a prestação de socorro às populações”, referiu ainda Luís Soares, a propósito da possibilidade desta situação, poder interferir, ou não, na prestação do socorro.
Sobre o assunto, contactamos ainda o Comandante Hermenegildo Abreu que nos referiu não comentar “alegadas informações”, que diz desconhecer “em absoluto”.