27 julho 2024 \ Caldas das Taipas
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Do futebol à música, passando pela mesa: receções aos emigrantes há muitas

Tiago Dias
Sociedade \ sábado, agosto 06, 2022
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Várias freguesias a norte do concelho prepararam o regresso das suas comunidades no estrangeiro. “Eles ficam contentes por não nos esquecermos” é a ideia que sobressai em quem recebe.

Aos pés da Junta de Freguesia de Longos, os bancos de jardim e as árvores ostentam flores brancas e amarelas; o espaço está assim ornado por iniciativa da Braços d’Afetos, que o fez para receber os seus emigrantes. “Além de decorar este jardim, colocámos na rua umas fitas com flores, para que quem chega sinta que faz parte da comunidade de Longos. Eles ficam contentes por não nos esquecermos”, adianta ao Reflexo Cidália Batista, trabalhadora na coletividade de ação social.

Sobretudo radicados em Beausoleil, urbe francesa na vizinhança do principado do Mónaco, os emigrantes já fizeram sentir o regresso na última semana de julho e prometem agitar a rotina da freguesia ao longo de todo o agosto. Mesmo entre os frequentadores da Braços d’Afetos – mulheres mais velhas, sobretudo -, a emigração molda conversas e atitudes, nota a animadora. “Uma vez dei boleia a uma das senhoras do centro de convívio e ela pediu-me para a levar à imagem da Nossa Senhora da Boa Viagem, para colocar uma vela e pedir boa viagem para o neto”, recorda.

Para além da festa de Santa Cristina, padroeira local, marcada para 06 e 07 de agosto, também o torneio de futebol do GD Longos, agendado para 13 de agosto, promete reunir as comunidades residente e emigrante. “Vamos ter quatro equipas de emigrantes, com alguns jogadores que vivem cá. É uma festa para todos. Na sexta-feira anterior, a partir das 21h00, vamos ter uma festa de cantares ao desafio para comemorar o regresso dos emigrantes”, esclarece o presidente, Manuel Gonçalves.

O quadrangular terá uma equipa de Briteiros São Salvador, outra das freguesias no norte de Guimarães marcada pela emigração, no Mónaco, em França, na Suíça ou na Alemanha. À “imagem dos últimos anos”, a Casa do Povo de Briteiros vai organizar, a 06 de agosto, um “jantar-convívio” com “animação e música” que estender-se-á pela “noite dentro” no salão da instituição. “Estes jantares têm sempre cerca de 150 ou 200 pessoas. São momentos ideais para pessoas residentes e emigrantes, às vezes amigas de infância, se reunirem no mesmo espaço”, realça o presidente, Vasco Marques.

Mais longe da Citânia e mais perto do Ave, Briteiros Santo Estêvão concentra a receção aos seus emigrantes no dia 13 de agosto, no Campo da Fraga. Empossada em 2020, a direção liderada por Francisco Mendes tratou não só de devolver o GD Santo Estêvão aos campeonatos da Associação de Futebol de Braga, como de organizar uma festa do emigrante que, neste verão, decorre a 13 de agosto, um sábado.

Ao terceiro ano consecutivo, a festa vai ser “muito maior”, porque coincide com “a inauguração da requalificação” do campo de jogos, esclarece o dirigente; o evento prolonga-se por todo o sábado, com a apresentação dos novos equipamentos, a abertura da academia Somirav, para a formação, a inauguração e uma noite de música, que antecede o jogo entre emigrantes de domingo à tarde.

Emigrante por algum tempo no Mónaco, o responsável diz entender o quão importante é o evento para quem regressa a Santo Estêvão em agosto. “Aqui não damos valor a um momento de cantares ao desafio ou a umas concertinas. Lá fora há o gosto de ouvir a música tradicional portuguesa, de confraternizar, de falar com os amigos”, lembra.

À medida que a emigração se transforma, a receção também

Em Caldas das Taipas, a Junta de Freguesia organiza anualmente o Acolhimento ao Emigrante e ao Turista, projeto que inseriu recentemente no mais abrangente programa da Animação de Verão; a aposta no tecido artístico local está vertida no alinhamento para 2022, que inclui a saxofonista Ana Oliveira, a banda Segundo Minuto e um tributo aos Pink Floyd (Guimafloyd), além de uma sessão de cinema infantil para encerrar, a 27 de agosto. “A emigração que caracterizava a geração dos anos 60 e 70 é hoje diferente. É com base num paradigma mais eclético de programação que preparámos o verão e a receção aos emigrantes”, esclarece ao Reflexo Patrícia Correia, um dos cinco elementos do executivo da Junta.