Dez anos do Curtir Ciência: “A comunidade precisa de estruturas como esta”
O Curtir Ciência celebra o seu 10.º aniversário esta quarta-feira, dia 17, com oficinas e atividades gratuitas para miúdos e graúdos. Além de assinalar “o nascimento” da iniciativa, a data também reforça o compromisso do projeto em divulgar a ciência junto de todos os vimaranenses, admite a presidente do Curtir Ciência, Adelina Pinto, ao Reflexo Digital. Já o futuro, revela a representante, passa por garantir que o Curtir Ciência continua “a chegar cada vez mais e com maior celeridade a todos”.
Como avaliam os dez anos do Curtir Ciência?
Foram dez anos de muito trabalho, de muitas conquistas e dificuldades. Ainda assim, conseguimos criar, em Guimarães – numa cidade educadora, inovadora e centrada nas crianças –, um centro de divulgação de ciência que trabalha com as escolas e com a comunidade.
Já chegamos a mais de 100 mil crianças. Temos planos e programas que incentivam as escolas a visitar-nos semanalmente e organizamos também diversas oficinas e visitas.
Quais foram os principais desafios que enfrentaram?
O Curtir Ciência já foi um Centro de Ciência Viva. Deixou de o ser há dois anos. E, como tal, um dos grandes desafios foi cumprir o preceituado nos regulamentos de Ciência Viva Nacional.
Um grande desafio que temos prende-se com o nosso espaço. Apesar de a Fábrica Âncora, onde está localizado o Curtir Ciência, ser um sítio belíssimo, tem as suas fragilidades. Está envelhecido, tem muitas escadas e não consegue responder ao grande número de visitantes que vamos tendo. Mas isto não nos limita: se não podemos ter em casa, vamos fora.
As equipas do Curtir Ciência começaram, assim, a sair cada vez mais, como resposta às limitações que o espaço impunha. E começamos a divulgar a ciência nas escolas, no espaço público, nas IPSS, nas bibliotecas. Isto, porque hoje é unânime: precisamos de desenvolver o espírito de curiosidade dos alunos.
Atualmente, é mais fácil aproximar as crianças da ciência?
Continua a ser fácil, mas é preciso ter mecanismos para promover esta aproximação. É claro que, nos dias de hoje, as crianças estão mais sedentárias e a utilização dos ecrãs e, por exemplo, o acesso a um chat GPT que lhes dá os resultados das experiências vêm dificultar as coisas. Mas o que nós identificamos é que as crianças, desde pequenas, são muito curiosas e pensam muito fora da caixa. Portanto, essa aproximação não é difícil.
É pena não termos a capacidade de fazer muito mais, principalmente quando as escolas têm cada mais abertura para estas temáticas e não têm os materiais necessários. E é aqui que entram os nosso técnicos – especializados na área da divulgação da ciência. Vão às escolas, com os materiais todos, com um plano montado para facilitar a entrada das crianças no mundo da ciência, da curiosidade, da descoberta e da resposta. Nestas atividades, as crianças percebem que a ciência é para a vida, que enquanto cidadãos são capazes de fazer experiências, de identificar resultados e de se apropriarem deles.
No Curtir Ciência, recebemos também uma turma, em cada semana. E isto é muito bom porque faz com que as crianças consigam sair das suas zonas de conforto, conhecer a cidade e aproximar-se das estruturas de Guimarães. Além das experiências científicas, vão visitar a Câmara Municipal, a biblioteca, e têm atividades na própria cidade.

O que celebram neste décimo aniversário?
No dia 17 de dezembro, celebramos a inauguração oficial do Curtir Ciência e o nascimento deste projeto. Vamos assinalar a data com oficinas ligadas à ciência e ao Natal, mostrando que continuamos disponíveis para trabalhar e divulgar a ciência com todos os vimaranenses, mas também com os que nos visita.
O que se pode esperar para os próximos anos do Curtir Ciência?
Espera-se que o projeto continue a crescer, que continue a ser um instrumento e uma ferramenta de divulgação do espírito científico, da ciência cidadã e da ciência que é explicada à comunidade. Vão ter de ser, por isso, tomadas decisões em relação ao espaço.
Queremos ainda que os nossos investigadores continuem a fazer chegar a ciência aos mais novos e aos mais velhos e que as pessoas se deixem envolver no processo de descoberta e experimentação.
Se há dez anos era importante, agora é ainda mais importante colocarmos as crianças com os pés bem assentes na terra e a comunidade a experimentar e a ser curiosa. Espero, por isso, que, nos próximos dez anos, que este espírito do Curtir Ciência – de divulgação da ciência – continue a chegar cada vez mais e com mais celeridade a todos, não porque o Curtir Ciência precise de existir, mas porque a comunidade precisa de estruturas como esta.