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Da Quaresma à Páscoa: Guimarães num compasso de eventos

Redação
Sociedade \ terça-feira, março 29, 2022
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As quatro celebrações religiosas e os 12 eventos do Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães sobressaem numa quadra que convida a ver uma exposição e a degustar a gastronomia local.

O domingo de Lázaro, que, em décadas passadas, chegou a reunir dezenas de milhares de cristãos em procissão pela cidade, e o concerto da Orquestra de Guimarães na Igreja de São Francisco, com a soprano ucraniana Larissa Savchenko como solista, unem-se sob o ciclo “Da Quaresma à Páscoa”, traçado com cerca de 20 passos pelo meio, incluindo as parcerias da restauração e hotelaria local para fomentar o turismo.

Assente no tempo que, para os cristãos, assinala a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, a iniciativa arranca oficialmente nesta segunda-feira: a exposição “A Paixão em Guimarães” propõe, até 16 de abril, um percurso pelas peças alusivas ao episódio bíblico que se encontram nas igrejas e museus da cidade, bem como pelos cinco “passos da paixão” espalhados pela cidade.

A componente patrimonial dá lugar à espiritual a partir das 17h00 de 03 de abril, um domingo, com a Procissão dos Santos Passos – também conhecida como Procissão do Encontro ou Procissão de Lázaro -, seguindo-se a Via Sacra, a 06 de abril, a partir das 21h00, a Procissão das Endoenças, no dia 14, a partir das 21h00, e o Enterro do Senhor, na Sexta-Feira Santa, dia 15, a partir das 22h00.

A sexta edição do Festival Internacional de Música Religiosa de Guimarães desenrola-se de 10 a 16 de abril, centrada na figura de José Maria Pedrosa Cardoso, fundador do evento e autor do Passionário Polifónico de Guimarães, falecido a 13 de dezembro de 2021. Às 19h00 de 15 de abril, a Sociedade Martins Sarmento vai acolher uma conferência em sua homenagem, seguindo-se a interpretação de trechos do Passionário pelo Coro Vocês Caelestes.

O festival vai contar com a atuação de grupos corais locais – Grupo Coral de Azurém, Tetr’Acord Ensemble e Coro Vilancico -, orquestras regionais – Orquestra Académica e Coro da Universidade do Minho, bem como Orquestra do Norte – e ainda interpretações de música dos séculos XVI e XVII – O Bando de Surunyo – e do século XVIII – Metáfora das Flores – Ensemble de Música Barroca. O madrileno Magerit Consort, que atua na Penha durante a Sexta-Feira Santa, às 17h00, acrescenta a “dimensão internacional” ao festival, sugeriu Domingos Castro.

Aproveitar a procura pelo Minho

Com um orçamento de 70 mil euros – 50 mil para o festival e 20 mil para o restante programa -, o ciclo “Da Quaresma à Páscoa” é uma oportunidade para aproveitar a procura turística de que o Minho é alvo neste período do ano, pela “forte identidade religiosa” do território. “Felizmente, a meteorologia aponta para bons fins de semana antes da Páscoa, que é uma altura forte para Guimarães”, adiantou o vereador municipal com o pelouro do Turismo.

Paulo Lopes Silva destacou também a associação de 22 restaurantes e de 12 unidades de alojamento, com vista justamente à “promoção da gastronomia e do território”. Há até pratos especificamente definidos para serem dados a conhecer – o bacalhau com broa, a sopa de nabos e o leite-creme queimado.

Mesmo sem dados exatos sobre a ocupação hoteleira para a primeira quinzena de abril, o responsável frisou que o turismo rural, por exemplo, já tem períodos de 2022 “completamente lotados”, o que pode sinalizar uma “retoma”.

Ao lado, a diretora do Paço dos Duques de Bragança e do Castelo de Guimarães, Isabel Fernandes, adiantou que o museu registou, em fevereiro de 2022, o quarto maior volume mensal de visitas desde 1996. Também responsável pelo Museu Alberto Sampaio, a historiadora referiu ainda que os visitantes das igrejas vão aceder à informação sobre as peças lá expostas, quer por QR Code, quer pelo desdobrável entregue no local.

Já Paulino Carvalho, em representação do Arciprestado de Guimarães e Vizela, classificou o ciclo de “feliz”, por “conjugar a riqueza do concelho na dimensão da fé e a linguagem universal da beleza e da cultura”. Também numa dimensão religiosa, António Monteiro de Castro realçou, em nome da Irmandade dos Santos Passos, instituição à qual está ligado há mais de 30 anos, o agrado por ver “mais vimaranenses” envolvidos na celebração da Páscoa, algo que considera ter passado “um pouco ao lado” da cidade nas últimas três décadas.