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Da falta de auxiliares às AEC, pais pedem melhorias no AE Taipas

Tiago Dias
Educacao \ sábado, abril 27, 2024
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Em carta aberta, os pais apontam escassez e mobilidade de auxiliares, falta de infraestruturas para atividade física e a necessidade de melhorar atividades não letivas, onde faltam professores.

Câmara refere que a crescente procura de professores para as aulas curriculares leva à escassez nos momentos não letivos. Já o número de funcionários supera rácio exigido pelo ministério, realça vereadora.

O número de funcionários e a sua mobilidade ao longo do ano letivo, com possível impacto no “ambiente de aprendizagem” e na “estabilidade emocional” das crianças, ou a “ausência de infraestruturas escolares adequadas para a realização de atividades físicas e desportivas” são algumas das preocupações expressas pelos representantes dos pais das escolas básicas do 1.º Ciclo e jardins de infância do Agrupamento de Escolas das Taipas (AE Taipas) numa carta aberta datada de 15 de março, ao mesmo tempo que reivindicam mais planeamento e diversidade nos momentos extracurriculares, marcados pela falta de professores para as artes performativas.

Um dos representantes dos pais no Conselho Geral do agrupamento, Sérgio Martinho, aponta a falta de professores nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), na Componente de Apoio à Família (CAF) e nas Atividades de Animação e Apoio à Família (AAAF), os momentos não letivos no horário escolar, como um dos problemas, ainda para mais quando “os pais pagam mensalmente um valor à autarquia” para tal; além da escassez, esse problema acarreta também falta de diversidade na oferta de atividades, pelo menos em comparação com outros agrupamentos do concelho.

Sérgio Martinho lamenta igualmente a planificação tardia das horas extracurriculares, dando o exemplo das férias de Páscoa em curso. “Foi apresentada uma semana antes. Se os pais não souberem o que vão para a escola fazer, vão repensar se os inscrevem os meninos ou não”, aponta. A circunstância pode levar à redução de crianças inscritas para essas atividades e ao encerramento das escolas com menos alunos, ditando o seu transporte para estabelecimentos com mais inscritos, o que pode suscitar contratempos de logística e mobilidade aos pais, explica.

No Natal, houve escolas encerradas, situação que Hilário Gomes, outro dos representantes dos pais, vê como “pouco dignificante”. “Prejudica as escolas mais pequenas, e os pais com menos recursos”, diz, ressalvando ainda a falta de espaços polivalentes na maioria das escolas para os momentos de atividade física; excetuando o Pinheiral e Longos, com espaços polivalentes, os alunos praticam nas salas de aula ou no refeitório quando está a chover.

Presidente da Associação de Pais da Escola Básica de Longos, a mais distante da sede do AE Taipas, a cerca de cinco quilómetros, Sara Oliveira menciona a ausência de professores de artes performativas e de uma funcionária desde o início do ano, considerando que a escola não está a dar às crianças o “que é devido e legislado”. “Isto levanta dúvidas sobre se as crianças têm o conforto mínimo para estar na escola pública”, vinca, por seu turno, Hilário Gomes.

 

Procura para aulas afasta professores. Rácios de funcionários acima da lei

Perante as reivindicações dos pais, o diretor do agrupamento, João Montes, e a chefe da Divisão de Educação da Câmara, Helena Pinto, disseram estar a fazer tudo para “corresponder às necessidades e preocupações apontadas” e indicaram que o Ministério da Educação não dá resposta a muitas das solicitações, lê-se na ata da reunião de 21 de março. Contactada pelo Reflexo, a vereadora municipal para a educação reconhece a escassez de professores de artes performativas, fenómeno que diz extravasar o concelho de Guimarães. O acréscimo da procura para aulas, face ao crescimento do número de alunos, está a levar professores a desistirem das AEC. A discrepância a nível concelhio explica-se pelo facto de os professores se submeterem a concurso e preferirem ficar mais próximos da área de residência. “Vamos sentir mais falta nas zonas periféricas do que nas urbanas”, refere.

Adelina Paula Pinto vinca, por outro lado, que a atividade física tem decorrido sem falhas, pela tendência dos professores a acumularem as AEC com trabalhos em ginásios e clubes, e realça ser impossível, de um momento para o outro, criar polivalentes para as 58 escolas do 1.º Ciclo em Guimarães, tendo lembrado o esforço do município na instalação de relvados sintéticos e espaços cobertos para atividade física. A vereadora realça ainda que o agrupamento tinha 71 funcionários ao serviço a 01 de março de 2024, suportando os encargos financeiros com os auxiliares para além dos 52 exigidos pelo rácio do Ministério da Educação. A seu ver, é ainda preciso “repensar o modelo da escola a tempo inteiro”. “O tempo excessivo na escola é prejudicial para as crianças. Há pais com dinâmicas profissionais de grande complexidade, sem retaguarda familiar, mas temos situações identificadas em que os miúdos ficam na escola até ao limite, sem necessidade”, refere.