
Crise no Vale do Ave põe em risco milhares de empregos no setor têxtil
O Vale do Ave atravessa um momento crítico no setor têxtil, com várias empresas da região em dificuldades financeiras e centenas de postos de trabalho em risco. Entre os casos mais recentes, a Polopiqué, em Moreira de Cónegos, anunciou o despedimento de 400 trabalhadores, metade do total da unidade de Tecidos, no contexto de um processo de reestruturação que envolve ainda outros pedidos de insolvência e PER.
O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, pediu uma reunião urgente ao ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, para avaliar medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores. “É agora que é preciso este apoio e já percebi, em diálogo com os empresários, quais são os principais problemas. Espero que a reunião traga resultados”, afirmou, reforçando a necessidade de proteger o chão de fábrica e a capacidade produtiva local.
Recorde-se que outras empresas do Vale do Ave, como a J.F. Almeida, também em Moreira de Cónegos, e a StampDyeing, em Ponte, Guimarães, recorreram a Processos Especiais de Revitalização (PER), afetando direta e indiretamente cerca de 2.000 trabalhadores na região. A StampDyeing chegou a interromper a produção devido a problemas no fornecimento de gás, deixando os funcionários sem salários de julho e subsídio de férias.
O grupo Polopiqué atribui a crise à combinação de pandemia, aumento dos preços das matérias-primas e da energia, subida das taxas de juro, custos de mão de obra, contexto geopolítico e tarifas internacionais. Apesar da situação, o grupo integra o Projeto Lusitano, que prevê investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência para apoiar a modernização do setor têxtil.
Os deputados socialistas eleitos por Braga apelaram ao Governo para medidas imediatas que protejam trabalhadores e empresas, reforçando a necessidade de políticas estruturais que aumentem a resiliência do setor.
A instabilidade atual evidencia a vulnerabilidade do Vale do Ave, considerado um motor da indústria nacional, e alerta para os impactos sociais e económicos que se refletem em Guimarães e nos concelhos vizinhos.