Coreógrafo vimaranense é a figura central na edição do GUIdance de 2019
Além do espetáculo de abertura, será feita a reposição de “Fuga Sem Fim”, peça que também estreou no mesmo palco em 2011. Além destas, Victor Hugo Pontes estará numa conversa com o público, após a apresentação de “Fuga Sem Fim”.
O coreógrafo vimaranense assinala este ano 25 anos do início do seu percurso, que está intimamente ligado ao início da história do Teatro Oficina. Falamos com Victor Hugo Pontes dias antes da estreia de “Drama”, na casa que o artista considera sua.
Qual é o desafio de trabalhar duas peças em simultâneo? Há um esforço redobrado.
Sim. O planeamento foi feito de forma a que não colidissem nesta altura. Comecei a ensaiar a coreografia do “Drama” e depois do “Fuga Sem Fim” mais ao final do dia. Esta é uma reposição, é uma peça que já estava feita. Tem uma substituição de um intérprete, mas de resto mantenho basicamente os mesmos elementos. Não quis alterar absolutamente nada na estrutura da peça. Se houver alguma alteração a fazer será na fase final de montagem. Tentei que não colidissem mais pelo “Drama”, que é uma estreia e é muito mais exigente.
Porquê a escolha de "Fuga Sem Fim" para reposição?
Há vários motivos que me levaram a escolher o “Fuga Sem Fim”. Primeiro, porque é uma peça que eu gosto muito e portanto, tenho interesse que as pessoas a vejam. Depois, quase em seguimento disto, tem a ver com o facto de ter sido uma peça que não teve muita visibilidade. O espetáculo foi estreado em Guimarães em 2011 e no início de fevereiro de 2012, no âmbito da Capital Europeia da Cultura, estreei o “Ballet Story”, que teve mais sucesso e que acabou por anular a anterior.
Houve uma chamada de atores não profissionais, como foi trabalhar com estes e porque o fez?
Sim, há a participação de dez elemento da comunidade de Guimarães. Isso acontece por várias razões. Primeiro, porque a peça tem muitos personagens. Tinha necessidade de ter um elenco muito grande e isso nem sempre é possível, por questões financeiras. Este lado financeiro também influencia as nossas opções, as nossas escolhas e então decidi integrar as pessoas que não são profissionais na peça. Há um workshop que vou fazer com essas pessoas e elas ficam com a experiência de participar na criação nas manobras de estúdio, também para desmistificarem o que é o ato criativo.
É algum desafio especial trabalhar com elementos que não são profissionais?
Não porque eu estou super habituado a isso. EM 2009 eu estreei uma peça cá no Centro Cultural Vila Flor chamada “Manual de Instruções” que usava exatamente o mesmo método. Nessa altura só tinha três intérpretes fixos e eram 12 intérpretes locais. Portanto, eu estou muito habituado a trabalhar quer com profissionais, como com não profissionais, amadores, pessoas com Trissomia 21, crianças… O último espetáculo que estreei em 2018, o “Margem”, tem crianças dos 7 anos e depois o núcleo duro é um grupo de adolescentes. Gosto de trabalhar com pessoas que têm diferentes experiências e diferentes percursos, desde que elas estejam disponíveis. Isso é o mais importante.
No GUIdance é o coreógrafo em destaque na edição de 2019 do festival. Qual é o significado deste reconhecimento dos programadores e ainda por cima em Guimarães?
Tem um significado gigantesco. Primeiro, sinto-me muito honrado ao perceber que isso acontece no mesmo ano em que o Teatro Oficina faz 25 anos, o que significa que eu faço 25 anos de carreira. Eu comecei no primeiro dia do Teatro Oficina, quando o Centro Cultural Vila Flor ainda era um horto. A minha primeira peça foi “A Grande Serpente”, em 1994, na fábrica de couros. Esse foi o primeiro espetáculo do Teatro Oficina. Não sei se esta articulação no GUIdance 2019 foi imaginada, mas para mim tem um significado especial.
Leia a entrevista na íntegra na edição de fevereiro do jornal Reflexo, já nas bancas.