Concurso da reabilitação de Sabroso avança com preço-base de 177 mil euros
A Câmara Municipal lançou, na terça-feira, um concurso de “aquisição de serviços” para a requalificação do Castro de Sabroso, Monumento Nacional desde 1910, localizado na União de Freguesias de São Lourenço de Sande e de Balazar, fixando um preço-base de 177.654 euros. A informação encontra-se em Diário da República.
Esta “aquisição de serviços” contempla mesmo toda a intervenção prevista desde 2017, quando foi viabilizada pelo Orçamento Participativo, mecanismo que atribui um teto de 50 mil euros a cada projeto eleito, esclarece Gonçalo Cruz, arqueólogo da Sociedade Martins Sarmento (SMS), entidade que tutela o conjunto arqueológico desde 1921.
“Como o orçamento era de 170 mil, a Câmara Municipal encontrou uma forma de arranjar o financiamento para o projeto tal como pensado no início. Fez uma candidatura ao Programa de Desenvolvimento Rural, com a nossa colaboração. Demos apoio à elaboração da candidatura, que foi aprovada. O concurso inclui o conjunto das intervenções previstas para o castro”, avança ao Jornal de Guimarães.
Se a obra for adjudicada neste verão, o especialista em proto-história acredita que Sabroso tornar-se-á “visitável” até ao final de 2022. A intervenção tem uma “duração prevista de nove meses”, mas não deve coincidir com o Inverno. “Aconselhamos que comece só em fevereiro ou março de 2022 para estar pronta até ao final do ano”, realça.
A transformação daquele espaço de três hectares habitado pelo menos entre os séculos III a.C. e I a.C., que se distingue pelos cinco metros de altura e quatro de espessura da primeira muralha, exige escavações arqueológicas, conservação, sinalética, vedação e limpeza, enumera Gonçalo Cruz.
As escavações, refere o arqueólogo, destinam-se sobretudo a “casas com muros derrubados” – ali há, ao todo, 35 circulares e três retangulares -, enquanto a sinalética contempla um “painel interpretativo com uma planta do castro” em pelo menos dez sítios diferentes, além de “barreiras anti-erosão” para facilitar o acesso dos visitantes às “zonas mais inclinadas”.
A vedação é outro aspeto “importante”: os propósitos são os de impedir a circulação de viaturas e bloquear o acesso dos denominados “caçadores de tesouros”, que se deslocam ao local com detetores de metais, algo proibido por lei. “Desde que se começou a limpar o castro, isso motivou a curiosidade das pessoas da zona. As próprias pessoas já nos têm alertado quando há situações dessas. Começando a ser frequentado, isso reduz o risco de caçadores de tesouros com detetores”, adianta Gonçalo Cruz.
Ir além da “desmatação”
A requalificação de Sabroso contempla ainda o prolongamento das ações de limpeza realizadas desde 2015: tais ações têm-se limitado, por ora, à “desmatação” do espaço, primeiro pela União de Freguesias de São Lourenço de Sande e Balazar, até 2018, e mais recentemente pela Vitrus, com apoio ocasional do Laboratório da Paisagem e da SMS. O principal obstáculo dessa tarefa é a mimosa, planta invasora que exige campanhas de limpeza de três em três meses.
Gonçalo Cruz crê, por isso, que a abertura do Monumento Nacional ao público exige mais do que aquilo até agora feito. Uma das medidas a tomar é o crescimento da área de floresta autóctone para se eliminar essa praga no futuro, especifica o arqueólogo. A outra é a remoção de “todas as árvores em cima da muralha”, no caso sobreiros. A espécie em questão requer a autorização do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. Garantida essa operação, a Câmara Municipal precisa depois de limpar e de consolidar as estruturas, para que os muros deixem de estar sempre “cobertos de matéria orgânica”.