Comunidade ucraniana em Guimarães juntou-se para assinalar independência
Precisamente cumpridos seis meses após o começo da invasão a larga escala pela Federação Russa, a Ucrânia assinalou 31 anos de independência face à então União Soviética nesta quarta-feira, e os refugiados acolhidos no concelho de Guimarães assinalaram a efeméride, com uma tarde lúdica na sede da Biblioteca Municipal Raul Brandão.
“Precisávamos de ter um dia assim e contactámos a Câmara Municipal. As crianças mostraram-se disponíveis para estas performances. É difícil dizer que isto é uma celebração, mas pelo menos estamos juntos”, disse Anastasiia Tarasenko, refugiada de 30 anos que dinamizou as comemorações, a par com Yulia Mashkalova, a residir em território vimaranense desde março.
Presente na comemoração do Dia da Independência da Ucrânia, decorrida na Biblioteca Municipal Raul Brandão, nesta quarta-feira, Paula Oliveira confirmou que a iniciativa partiu da comunidade ucraniana com a ajuda do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, serviço disponibilizado pela autarquia. “Eles prepararam o programa, com todo o apoio logístico do município, e estão hoje a viver o Dia da Independência, neste espírito de convivialidade que nos satisfaz a todos”, enalteceu.
166 refugiados no território
O território vimaranense já recebeu mais de 200 refugiados desde 24 de fevereiro, mas conta agora com 166 pessoas. Alguns refugiados voltaram entretanto ao país natal e outros reuniram-se com as famílias noutras geografias da Europa.
Por outro lado, há aqueles que “vão chegando”: na semana passada, duas famílias de refugiados contactaram a Câmara para saberem se era possível instalarem-se em Guimarães. Foi. “Ao abrigo deste movimento pela paz na Ucrânia, estão cá instalados. Não dizemos que não a ninguém. Mas temos esta cautela de que estejam asseguradas habitação e condições mínimas para terem uma vida digna”, assinala a vereadora.
A integração profissional, “não só pela questão financeira, mas também pelas dimensões social e psicológica”, é tida em conta, adianta Paula Oliveira. Os refugiados em idade ativa, mulheres na sua maioria, estão a trabalhar. O principal empregador é uma empresária ucraniana ligada ao setor têxtil e da moda, que contratou a maioria dos compatriotas em território vimaranense. Quanto às crianças, são cerca de 60 a frequentar os jardins de infância e as escolas.
No entanto, a ânsia do regresso à Ucrânia continua a alimentar os pensamentos dos refugiados. “Estão a trabalhar sempre com saudades da sua terra e das suas famílias. A maior parte deles partilha connosco: se um dia, o nosso país ficar em paz, queremos regressar às nossas famílias e ajudar a reerguer a Ucrânia”, realça Paula Oliveira. Quanto ao município, ao tecido associativo e ao tecido empresarial, cabe-lhes “perceber o que os refugiados necessitam”. “É uma questão humanitária”, sentencia.