06 outubro 2025 \ Caldas das Taipas
tempo
18 ºC
pesquisa

CDU apresenta programa eleitoral 2025-2029 em Guimarães

Alberto Couto
Política \ quinta-feira, outubro 02, 2025
© Direitos reservados
A CDU entregou esta quinta-feira, na Biblioteca Raul Brandão, o programa eleitoral 2025-2029, com a habitação como prioridade, mobilidade e economia.

A CDU apresentou esta quinta-feira, 2 de outubro, o seu programa eleitoral para o mandato 2025-2029 no concelho de Guimarães com o lema "Viver Melhor na nossa Terra". O documento foi entregue na Biblioteca Municipal Raul Brandão, ficando disponível para consulta pública pelos eleitores.

Na sessão esteve presente a candidata da CDU à Câmara Municipal de Guimarães, Mariana Silva, que prestou declarações, sublinhando a importância da transparência:

“O programa deve estar à disposição de todos, numa atitude de comunicação e de transparência com o eleitor. Assim, os cidadãos podem saber em quem estão a votar, nas pessoas e nas ideias, e exigir que se cumpra o que está prometido.”

Habitação como prioridade

No programa, a habitação surge como a prioridade absoluta. A CDU defende uma política social de habitação participada entre a Câmara Municipal e os munícipes, com medidas que passam pela construção de habitação pública, pela regulamentação da construção nova e da reabilitação profunda e pela exigência de maior intervenção do IHRU, que deverá ter uma ação próxima junto dos moradores, assegurando planos de reparação habitacional. A criação de um gabinete de habitação em Guimarães é outra das propostas apresentadas, com a missão de definir, programar e projetar, de forma transparente e participada, novos projetos habitacionais.

Mariana Silva reforçou que a crise habitacional em Guimarães exige respostas urgentes: “Já existem listas de espera de pessoas a viver em condições indignas. Com o crescimento da Universidade do Minho e a vinda de novos estudantes, a pressão sobre o mercado será ainda maior. É urgente um plano forte para resolver parte deste problema.”

Mobilidade sustentável: transporte público

Outro eixo estruturante do programa é a mobilidade, onde a CDU apresenta uma estratégia que pretende transformar o transporte público numa verdadeira alternativa de qualidade para a população. A rede da Guimabus deverá ser reforçada de forma a ligar vilas, freguesias e a cidade, numa perspetiva de futura gratuitidade. Paralelamente, o partido propõe a criação de um passe social intermodal e regional em articulação com as Comunidades Intermunicipais do Ave e do Cávado, assim como o alargamento dos passes dirigidos a estudantes. A ligação ferroviária entre Guimarães e Braga volta também a ser reafirmada como prioridade, considerada essencial para combater o isolamento da cidade e servir polos estratégicos como o Avepark.

Para a candidata, investir na mobilidade significa também apostar na qualidade de vida e no ambiente: “Queremos mais horários, mais autocarros e uma disponibilidade maior que permita aos cidadãos optar pelo transporte público. Isso dará a Guimarães um dia-a-dia mais sustentável.”

Economia e desenvolvimento local

O programa da CDU dedica igualmente atenção à economia, defendendo a recuperação da vocação produtiva do concelho. Para isso, pretende reforçar políticas de industrialização e reindustrialização, tornar Guimarães num polo de definição de políticas industriais e estimular a criação de novos projetos com benefícios fiscais e medidas de dinamização do tecido produtivo. A aposta na agricultura também está presente, com a proposta da criação de um banco de sementes que apoie práticas sustentáveis e valorize a produção local.

"Exigir do Governo": a grande novidade do programa

A grande novidade do programa é a inclusão de um capítulo dedicado a exigir responsabilidades ao Governo central. Neste ponto, a CDU reivindica a duplicação da linha ferroviária que liga Guimarães ao Porto, um programa local de transformação das florestas, a contratação de mais efetivos para os bombeiros, o reforço dos meios humanos e técnicos no Hospital Senhora da Oliveira, o alargamento do horário de funcionamento dos centros de saúde e a abolição das portagens nas principais vias da região.

Para a candidata, é fundamental que o município adote uma postura exigente face ao Governo. “Não cabe à Câmara construir a linha ferroviária, mas cabe-lhe pressionar para que ela se concretize. Só assim Guimarães terá as condições de desenvolvimento que merece”, sublinhou.

O caso do PDM

Durante a apresentação, Mariana Silva não deixou de abordar a situação do Plano Diretor Municipal de Guimarães (PDM), cuja votação ficou adiada para depois das eleições autárquicas. A candidata criticou a gestão do processo por parte do Partido Socialista, considerando que um instrumento essencial para o futuro do concelho foi transformado “num episódio de novela mexicana”.

Segundo a dirigente da CDU, o PS “dividiu-se e, depois de dividido, andou a fazer grandes curvas para chegar ou não à votação do PDM”. Para Mariana Silva, esta indefinição deixou sete anos de trabalho pendentes e um documento fundamental para o ordenamento do território sem aplicação prática. “Se todos tivéssemos sido envolvidos neste processo, hoje a responsabilidade seria partilhada. Como não fomos, o PS é o único responsável pela situação a que chegamos relativamente a este instrumento tão importante”, afirmou.

A candidata deixou ainda um apelo à participação informada dos eleitores, lembrando que o programa é também um compromisso político que deve ser respeitado após as eleições. “As pessoas devem informar-se e votar em consciência, conhecendo as propostas que podem garantir um futuro mais equilibrado e sustentável para Guimarães”, concluiu.