Capela de São Brás: um monumento com 300 anos Sabroso acima
Um dos monumentos mais antigos de Sande São Lourenço – datado de 1727 – tem há 52 anos estatuto de Imóvel de Interesse Público. Recebe eucaristias vespertinas aos sábados, e é no início de fevereiro – dia 3 – que ganha mais vida com as festas em honra de São Brás: “Todos os anos atraem centenas e centenas de pessoas a este espaço fantástico”
Sabroso acima, onde pontua o castro que é Monumento Nacional, num socalco da encosta é possível apreciar outro monumento, este protegido pela Direção-Geral do Património Cultural como Imóvel de Interesse Público. Trata-se da Capela do Divino Espírito Santo, mais conhecida como Capela de São Brás, localizada em Sande São Lourenço, na União de Freguesias de Sande São Lourenço e Balazar.
Os acessos contíguos, algo escondidos até, não deixam transparecer a existência desta estrutura de arquitetura religiosa seiscentista e setecentista que traça este espaço religioso. A capela, bem arranjada, é circundada por umas grades que recriam uma espécie de pátio em redor da edificação.
Trata-se de um património com quase três séculos, construído em 1727, conforme está inscrito no seu entablamento. A Capela de São Brás fica “situada a nascente da Egreja parochial, junto ao Monte Sabroso, em uma elevação d’onde de gosa bonito panorama”, pode ler-se em documentação da paróquia extraída da Revista de Guimarães.
“É formosa e elegante achando-se os altares dourados e pintados de novo e a capela em 1883. […] Na frente tem um cabido assente em 10 colunatas tendo na padieira central da fresta esta letra. – “Feita no ano de 1727” – Ao lado norte um torreão com dois sinos, servido por um escadório de pedra que também dá entrada para o coro. Tem 3 altares mór com tribuna […]; altar de Santo António, com as imagens do padroeiro; altar de S. Miguel. Tem côro e pulpito”, descreve-se no mesmo documento. A inscrição com o ano de construção continua visível na pedra, na parte frontal da capela, mantendo-se o registo perfeitamente percetível.
Imóvel de Interesse Público desde 1971
A Capela do Divino Espírito Santo localiza-se no Lugar de Rechã e, não se sabendo ao certo o enquadramento e o contexto no qual foi edificada, sabe-se que 99 anos antes de ser construída foi edificado no alto um cruzeiro, que ainda hoje serve de frente à capela. “O cruzeiro de base quadrangular gravada com a data de 1628, assenta num soco formado por três degraus; possui fuste circular, liso, encimado por uma esfera e a rematar uma cruz”, descreve a Direção-Geral do Património Cultural.
Seguindo o curso da história, após a construção do cruzeiro e da capela, já no século XX foram colocados azulejos na capela, imitando o padrão antigo, e em 2004 a Câmara Municipal de Guimarães procedeu a arranjos na zona evolvente, de forma a reparar construções clandestinas que se verificavam. Junto à capela, numa zona mais lateral praticamente nas traseiras, há também um coreto, de traçado recente, edificado em betão.
Dado a sua relevância cultural, sendo um caso em que a respetiva proteção e valorização representa um valor cultural de importância nacional, é desde 22 de novembro de 1971 Imóvel de Interesse Público, de acordo com o Decreto n.º 516/71. Esta classificação implica que não é permitido que se realize qualquer obra ou intervenção, seja no interior da capela ou no espaço exterior, sem autorização e acompanhamento”.
Abel Faria é pároco em Sande São Lourenço há sensivelmente 16 anos, começando por alertar ao Reflexo que, apesar de ser reconhecida como Capela de São Brás, estamos a falar da Capela do Divino Espírito Santo, sendo que inclusivamente já lá se celebrou a festa do Divino Espírito Santo. Contudo, com o tempo começou a ser conhecida como Capela de São Brás.
Devoção a São Brás atrai muita gente de fora da comunidade
O início do ano é, por norma, a fase de maior azáfama na Capela de São Brás. Asseia-se o espaço – a capela –, hasteiam-se as bandeiras e arranja-se o espaço envolvente apara receber a romaria do dia 3 de fevereiro. “A devoção a São Brás atrai muita gente de fora da localidade; aliás, vem mais gente de fora da comunidade do que da própria comunidade. É sempre assim os santos de fora têm mais importância do que os de casa. Santos da terra não fazem milagres, costuma-se a dizer”, refere Abel Faria. Há a novena de preparação para as celebrações a São Brás, estando as festividades reservadas para 3 de fevereiro e para o fim de semana seguinte.
Um dos momentos altos costuma ser a bênção das gargantas, que segundo o pároco “todos os anos junta centenas e centenas de pessoas no recinto”. “Às vezes chego a estar duas horas na bênção das gargantas e nota-se grande afluência de pessoas das paróquias vizinhas, de gente de fora da comunidade que vem a esta cerimónia”, reforça Abel Faria. Momento festivo à parte, durante o ano há uma missa semanal na Capela do Divino Espírito Santo, aos sábados. “A eucaristia vespertina de sábado realiza-se às 17h00 no inverno, e um pouco mais tarde – às 17h30 – no verão”, dá nota o padre.
Tal como é descrito da Revista de Guimarães, este espaço goza de bonito panorama que complementa a harmonia da natureza com esta construção e cariz religioso, tornando o espaço num local aprazível, conforme complementa em conclusão Abel Faria: “Tem um espaço fantástico para o convívio em família, para uma churrascada, para um lanche – um piquenique – porque o espaço envolvente é muito aprazível. Mesmo não tendo mesas, serve perfeitamente. Passa-se lá uma boa tarde de domingo”.