Cândido está numa “longa caminhada” na fotografia. Para já ganhou um prémio
“É uma fotografia emocional que transmite um sentimento de esperança, como o alívio que se ente depois de um acontecimento traumático”. É assim que o júri do IRIS - Festival de Imagem de Natureza do Gerês descreve o momento capturado pela lente de Cândido Moisés. Da Madeira, o taipense trouxe uma imagem que capta “um momento fugaz do tempo”, com a luz a atravessar as “pesadas nuvens sobre o mar”.
O reconhecimento no festival que premeia as melhores imagens do mundo animal e natural surge depois de um caminho iniciado há relativamente pouco tempo - mas a imagem já se imiscuira há muito na vida do taipense. “De forma indireta, a fotografia sempre esteve presente em minha casa através de álbuns fotográficos, mas só há coisa de um ano e meio é que levei a fotografia mais a sério, com outros cuidados na composição e edição”, explica ao Reflexo Cândido Moisés.
Mas o desejo de congelar imagens no tempo já seguia o autor distinguido com a melhor fotografia de paisagem no festival há mais tempo. “Apaixonado” pela natureza e incursões pela montanha, deixava sempre espaço na bagagem para uma máquina – nem que fosse compacta. “Uma vez que estava em locais que me diziam muito”, começa por dizer, referindo-se ao Gerês, por exemplo, “tentava fazer algum registo fotográfico para memória futura” – e “não passava disso”.
Agora, concilia paixões: aventura – Cândido recorda a importância da passagem pelos escuteiros das Taipas entre os seis e os 18 anos – e fotografia. “Só há coisa de dois anos é que comecei a fotografar de forma manual e foi a partir daí que as coisas começaram a evoluir de forma mais séria – se bem que ainda estou no início de uma longa caminhada que não termina, há de ser eterno. A paixão cresce e dá gosto. Agora, em vez de ir só fazer trekking na montanha, dá para conciliar todos esses mundos”.
Foi numa viagem à ilha da Madeira que este “casamento” valeu o reconhecimento do IRIS. O taipense foi pela segunda vez à ilha, mas na última o objetivo era só um: fotografar. “Fiz a viagem com o [fotógrafo] Mário Cunha e o nosso planeamento foi pensado, tendo sempre em mente as imagens que podíamos fazer. Fizemos campismo para estarmos perto de condições de luz espetaculares. Isso permitiu no nascer do dia já estarmos num local épico”, relata.
Foi assim que, “num lugar lindíssimo”, na Ponta de São Lourenço, a forma peninsular no extremo mais oriental da Ilha da Madeira, documentou o momento “muito dramático”: um céu “muito pesado” e a “luz de esperança” que rompe a mancha cinzenta e ilumina a mancha de água. Mas para captar o momento foi preciso uma “corridinha”. “Estávamos a voltar para o carro, para sair da zona, e no lado oposto apercebemo-nos dessa luz; foi sair do carro a correr e aproveitar ao máximo esse fenómeno”. Com “um bocadinho de sorte” conseguiu.
Ainda muito por descobrir no Gerês
“Foi uma viagem de uma semana em que o resultado foi espetacular. A Madeira é uma ilha lindíssima para quem gosta de fotografia. Tem muito para oferecer”, explica. Mas também há locais por perto com muito para oferecer. O processo de descoberta do Parque Nacional da Peneda-Gerês está para durar – é para onde as saídas de campo o levam. E o inverno também ajuda. "É excelente ir para a montanha fazer fotografias em que o céu está diferente do que estamos habituados: ou no amanhecer, ou no pôr do sol, ou em situações de tempestade, com o céu mais dramático”.