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Bruno Fernandes critica falta de estratégia para impulsionar comércio local

Redação
Política \ segunda-feira, junho 02, 2025
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Vereador do PSD apontou para falta de estratégia para o comércio local na reunião de Câmara. Domingos relembrou os projetos em curso, como a pedonalização e o Bairro Comercial Digital 1128.

A revitalização económica do centro histórico de Guimarães esteve no centro das atenções da reunião da Câmara Municipal realizada na segunda-feira, 2 de junho. O tema foi introduzido por Bruno Fernandes, vereador do PSD, que manifestou forte preocupação com o declínio das dinâmicas comerciais locais nas principais artérias da cidade.

Segundo o vereador, é evidente a perda de vitalidade na malha urbana tradicional. "Aquilo que sentimos todos os dias quando circulamos nas principais ruas do centro histórico é que há uma diminuição significativa daquilo que são as dinâmicas comerciais e económicas", afirmou, apontando como exemplo as ruas de Santo António, Gil Vicente e toda a envolvente ao Toural, onde várias lojas estão encerradas "há meses ou mesmo anos".

Bruno Fernandes recordou que o problema não é novo e lamentou que, apesar dos alertas, não tenha havido uma resposta estratégica. Referiu o estudo encomendado à empresa Bloom, em 2018, no valor de cerca de 100 mil euros, cujo objetivo era traçar uma estratégia integrada de turismo e comércio. "O diagnóstico pode ter sido feito, mas não houve, de facto, uma estratégia que tornasse o centro mais atrativo", criticou.

O vereador sublinhou ainda a desconexão entre a valorização do património e a dinamização económica e social. Na sua ótica, a ausência de eventos culturais em espaços públicos, exteriores, e de uma programação de rua contribui para a estagnação da atividade económica. "Há um divórcio entre a estratégia de valorização do património e uma estratégia de dinamização social e económica", declarou. 

Entre as críticas, Bruno Fernandes acusou o executivo de inação e de adiar decisões fundamentais. "Percebe-se que o presidente refere que tinha dois ou três projetos que ficaram por concluir porque demora tudo muito tempo na Câmara de Guimarães", lamentou, referindo-se à pedonalização da zona histórica, um projeto que acabou "por morrer quase à nascença" devido à contestação de comerciantes e à lentidão processual.

"O presidente aborda dois projetos- o projeto dos bairros sociais digitais e o alargamento da zona nas principais artérias comerciais referentes ao centro histórico -, mas o que falta é uma estratégia global", finalizou Bruno fernandes. 

Domingos Bragança: "Se os resultados quanto ao comércio local não são os que queremos, temos de intervir e nós propusemos medidas concretas"

O presidente da Câmara, Domingos Bragança, respondeu às críticas com a defesa das medidas em curso, nomeadamente o projeto de pedonalização do centro e o Bairro Comercial Digital 1128, ambos financiados por fundos europeus. "Se os resultados quanto ao comércio local não são os que queremos, temos de intervir e nós propusemos medidas concretas", garantiu.

Quanto ao projeto dos Bairro Social Digital, financiado pelo PRR, Bragança esclareceu que terá de ser concluído até junho de 2026, sendo que o projeto já se encontra pronto para a intervenção. "Temos estado a reunir com as diversas dimensões de comunidade", frisou.

O autarca referiu ainda que o projeto de requalificação da zona central - incluindo a parte superior do Toural, a Alameda e a Rua de Santo António - está concluído do ponto de vista arquitetónico e encontra-se na fase final de preparação para obra. "Pretendemos uma alteração qualitativa do espaço público, com passeio e rua à mesma cota, para que a perceção seja de um espaço pedonal, mantendo a possibilidade de atravessamento rodoviário", afirmou.

O autarca revelou ainda que está em estudo uma cobertura arquitetónica inovadora para a Rua de Santo António, semelhante a uma "obra de arte", que permita a fruição do espaço mesmo em dias de chuva. A ideia é tornar o centro histórico competitivo face aos grandes centros comerciais. "A alteração qualitativa é colocar à mesma quota o passeio e a rua para dar a perceção às pessoas de que aquele espaço é pedonal, mas será possível na mesma o atravessamento rodoviário", frisou o autarca.

Bragança admitiu atrasos no projeto, em parte devido à articulação com a Direção Regional de Cultura do Norte e à sensibilidade da intervenção em zona classificada como património mundial. No entanto, garantiu estar a fazer todos os esforços para lançar a obra antes do fim do mandato. "Não é por falta de convicção da minha parte", frisou, apelando à colaboração dos comerciantes para que aprovem as iniciativas em curso.

O presidente referiu ainda estar a trabalhar "intensamente" no final do seu mandato por ter "a responsabilidade de não perder um cêntimo de recursos financeiros que venham da Europa", aproveitando para finalizar com a intenção de lançar a obra referente à pedonalização e à avenida D. João IV antes do final do seu mandato. "No que tem a ver com o centro da cidade e mobilidade, também quero terminar os projetos do canal dedicado ao metrobus", finalizou.

Paulo Lopes Silva esclarece medidas do projeto "Bairro Social Digital 1128"

Na sua última intervenção no executivo municipal enquanto vereador, Paulo Lopes Silva, destacou a importância do Bairro Comercial Digital 1128, projeto sob sua responsabilidade. Reconheceu que o projeto está ainda em desenvolvimento, mas com o calendário controlado e os prazos em dia. "Naturalmente, gostava de o ver concretizado, mas acredito que será concluído dentro dos tempos planeados", disse.

O vereador esclareceu que existe alguma confusão entre a digitalização do comércio e as obras físicas de pedonalização, o que tem gerado alguma resistência por parte dos comerciantes. No entanto, garantiu que o objetivo é exatamente o oposto da perceção inicial. "O projeto prevê trazer a digitalização para os espaços públicos, com contacto direto com as lojas", afirmou.

Entre as iniciativas previstas estão a instalação de equipamento digital nas lojas, a criação de infraestruturas para artistas de rua - com iluminação e tomadas elétricas - para trazer vitalidade às ruas, a promoção de comércio através de estruturas públicas interativas - MUPI- e plataformas digitais que, através da inteligência artificial, irá facilitar a pesquisa e acesso aos produtos procurados."Faremos aquilo que os centros comerciais fazem há muito tempo e bem feito, que é a concentração de informação dos tipos de loja e produtos que existem naquelas áreas encaminhando para resposta automática, introduzindo a IA, que fará uma sugestão de lojas, consoante as características que se pretende, tentando ainda cruzar vários tipos de comércios relacionados a essa procura", explicou Paulo Silva.

Um dos pontos inovadores é a criação de cacifos inteligentes para recolha de encomendas, inclusivamente com capacidade para alimentos.  "Tem a ver com a questão da instalação de vários pontos da cidade, dando prioridade aos parques adjacentes a esta zona social digital, onde possam estar cacifos inteligentes para entregas de encomendas que possam funcionar não só para vestuários, mas também para quentes e frios", frisou.

"O nosso objetivo é valorizar o comércio tradicional. Não queremos ser uma cidade com lojas iguais a todas as outras. Isso é algo que nos distingue", concluiu.