Braga e Guimarães pioneiros no lançamento de programa intermunicipal
Os municípios de Braga e de Guimarães anunciaram que vão trabalhar em conjunto toda a paisagem comum, de que faz parte a linha administrativa que distingue os dois concelhos. A ideia passa por aproveitar preocupações comuns existentes em ambos os concelhos e, de forma integrada, tratar a paisagem e valorizar todos os templos existentes no eixo entre o Bom Jesus do Monte e a Santa Marta das Cortiças, incluindo as citânias de Briteiros e Sabroso.
O Plano Intermunicipal de Salvaguarda dos Sacro Montes surge enquadrado no nova lei de bases do ordenamento do território e do urbanismo com a justificação de que "a boa gestão do território não se compadece com limites administrativos sem expressão física" - lê-se do documento de apresentação do programa.
Ao todo, serão seis marcos que surgem numa paisagem que é comum aos dois municípios, abrangendo uma área total de cerca de 2500 hectares. Surgindo com o enquadramento da Lei de Bases do Território, publicada em 2015, o programa intermunicipal surge como forma de articular um conjunto de desideratos que cada um dos municípios tem desenvolvido - por exemplo a candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia ou a classificação do Bom Jesus do Monte como património cultural da humanidade, por parte de Braga.
Miguel Bandeira, vereador com os pelouros do património e do ordenamento do território da Câmara Municipal de Braga, esclareceu os presentes que se deslocaram até à Capela de Santa Maria Madalena, onde decorreu o anúncio do programa, que o trabalho, pela sua dimensão e relevância regional, está a ser desenvolvido com o acompanhamento da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). O responsável político congratulou-se com o lançamento do programa classificando o dia como histórico.
O edil bracarense, Ricardo Rio, lembrou o trabalho que tem sido feito para contrariar a ideia de que Braga e Guimarães, concelhos vizinhos, vivem de costas voltadas um para o outro. Os dois concelhos têm muito a ganhar com o desenvolvimento de projectos comuns, defende o autarca. No que respeita ao eixo dos sacro montes, este representa um "recurso único do ponto de vista patrimonial e histórico, ambiental e paisagístico e também do ponto de vista económico". Ricardo Rio garante que o plano intermunicipal quer ser um exemplo para ser replicado noutros pontos do país.
Por seu turno, Domingos Bragança salientou também que o programa intermunicipal representa "o reforço da união de dois municípios que querem trabalhar conjuntamente" e desdobra o programa num conjunto de "projectos ambiciosos", aproveitamento conjunto das potencialidades existentes nos dois concelhos. Bragança anunciou que deverão ser lançadas candidaturas a fundos europeus, para que se avance com um intervenção na Capela de Santa Maria Madalena e área adjacente. Anunciou ainda o traçado de uma rede de caminhos pedonais que ligarão toda a área do projecto, além de um plano de reflorestação que deverá ser desenvolvido, em parceria com os técnicos de ambos os municípios.
O Plano Intermunicipal de Salvaguarda dos Sacro Montes, tido como uma experiência pioneira no país, pretende articular várias dimensões, além da paisagem e do património, a valorização da floresta e o turismo. O alinhamento montanhoso que define a fronteira administrativa entre Guimarães e Braga, ao longo do qual foram sendo erigidos vários santuários, adquiriu uma elevada importância a vários níveis, recentemente sublinhado e publicamente relembrado, com a classificação da Capela de Santa Maria Madalena.