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Rope skipping: um mundial de lesões e de recordes com “tudo bem organizado”

Tiago Dias
Desporto \ quarta-feira, julho 26, 2023
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As lesões afetaram dois dos três representantes do Molinhas nos Estados Unidos, numa prova bem organizada, transmitida pelo canal olímpico, com a competição a atingir o nível mais elevado de sempre.

Entre os três atletas do Molinhas que representaram a seleção nacional em mais um campeonato do mundo de rope skipping, Paulo Lima partia com as aspirações de uma final na prova de 30 segundos, na disciplina de velocidade; afinal é o detentor do recorde europeu, com 105 saltos nesse intervalo de tempo. Mas uma lesão numa outra prova, de freestyle, afetou o saltador, que se ficou pelos 100 e pela 10.ª melhor marca, aquém dos seis lugares reservados numa das finais decorridas em Colorado Springs, nos Estados Unidos (EUA), entre 16 e 23 de julho.

“Antes da minha prova de freestyle, houve um intervalo e arrefeci. No momento em que fiz a espargata, senti o meu músculo a rasgar. Eles tinham mesmo médicos desportivos. Disseram que tinha fibras rasgadas e não devia competir mais. Tentei na mesma fazer a minha prova de 30 segundos. Não consegui ter uma performance ideal, porque estava a saltar com dores. Já não consegui fazer as outras provas que tinha planeado”, conta o atleta ao Reflexo.

Apesar de 10.º classificado, Paulo Lima foi o melhor europeu naquela variante. No seu entender, a circunstância prova a evolução da modalidade noutros continentes – Ásia principalmente, onde já tem reconhecimento olímpico. Esse desnível tornou-se ainda mais claro nesta edição do mundial, a primeira sob a alçada da International Jump Rope Union (IJRU), reunindo países que nunca se tinham encontrado em competição. “Foi o primeiro mundial em que vimos a Bélgica e os Estados Unidos juntos. A Bélgica é muito forte no freestyle”, diz, a título de exemplo.

Além do especialista em velocidade, João Rodrigues foi o outro atleta taipense a saltar; foi 29.º numa das provas de freestyle. “O João fez uma prova praticamente limpa, sem falhas. Todas as provas no mundial têm um nível muito elevado”, acrescenta Paulo Lima. O outro elemento do Clube de Rope Skipping das Taipas presente nos EUA, Hugo Soares, falhou a sua prova devido a lesão.

Esse foi um dos fatores para um mundial “não tão bem conseguido” quanto o esperado, assume Sandra Freitas, presidente do Molinhas. A professora de educação física acompanhou à distância um mundial que descreve como “de loucos”, face aos “imensos recordes mundiais batidos”.

“Praticamente em todas as provas de velocidade foram batidos todos os recordes. Para a nossa realidade, são marcas muito difíceis de aspirarmos. Temos de nos concentrar nos europeus em prova”, vinca ao Reflexo. Uma das razões para ser difícil aspirar a títulos na velocidade é diferença no “rigor de treino”, superior nos países asiáticos. “Não conseguimos chegar àquele patamar”, confessa.

Sandra Freitas considera ainda que João Rodrigues “fez uma boa coreografia”, “limpa de erros”, dentro das expetativas que levava para Colorado Springs.

 

Paulo Lima (à esquerda) e João Rodrigues (à direita) participaram no mais recente campeonato do mundo

Paulo Lima (à esquerda) e João Rodrigues (à direita) participaram no mais recente campeonato do mundo

 

“Um campeonato do mundo incrível”… a sonhar com os Jogos Olímpicos

Se a competição foi dura e a lesão dificultou ainda mais a tarefa, a organização do evento foi a melhor desde que Paulo Lima participa em campeonatos do mundo. Após duas presenças em solo norte-americano, um mundial em território português, outro em Paris (França) e mais um em Oslo (Noruega), o saltador diz ter encontrado em Colorado Springs a melhor edição “a nível de organização e de espaço”.

“A nível da elevação do desporto, foi um campeonato do mundo incrível. A nível de organização, estava muito mais organizado. Havia três áreas de aquecimento para os atletas, vários horários para os atletas e para a cantina e uma preocupação em estar tudo organizado para não falhar nada”, frisa.

Oportunidade para “rever amigos de longa data”, o mundial também se destacou enquanto o primeiro com honras de transmissão no canal do Comité Olímpico Internacional. Embora o rope skipping precise de “gerar muito mais impacto” para se tornar uma modalidade olímpica, Paulo Lima crê que essa transmissão entreabre uma porta nesse sentido.

“Houve milhares de pessoas a ver no canal olímpico. É o melhor dos sonhos de um atleta de rope skipping estar nuns Jogos Olímpicos. Será difícil no meu tempo de atleta, mas espero um dia poder ir como treinador ou juiz”, reconhece Paulo Lima.