Ambiente está "partido" ou "reforçado"? Oposição e executivo divergem
A coligação Juntos por Guimarães “estranha” que na distribuição de pelouros anunciada pelo presidente da Câmara de Guimarães o Ambiente tenha “ficado partido em dois”: Sofia Ferreira tem a seu cargo Espaços Verdes, Serviços Urbanos, Mobilidade e Transportes, enquanto Adelina Paula Pinto fica com a pasta da Candidatura a Capital Verde Europeia. Na segunda reunião de vereação do mandato – a primeira com o conhecimento do alocamento de pelouros – o vereador Bruno Fernandes acenou “com dois indicadores preocupantes” que, entende, são “um passo atrás” na política ambiental do concelho.
O social-democrata mostra-se preocupado com a “posição secundária” atribuída ao Ambiente no discurso de tomada de posse de Domingos Bragança. “Há oito anos, o pilar fundamental incidia na questão ambiental e oito anos depois, na mesma semana que o mundo discute o tema [na COP 26], o presidente define três outras prioridades: educação, cultura e ciência”, argumentou. Na visão de Bruno Fernandes, este “fatiar” do pelouro indica que a “questão ambiental – que era prioridade máxima – deixou de o ser”. “É um sinal que nos preocupa”.
Hipótese prontamente afastada por Domingos Bragança. O presidente da CMG prefere falar em “reforço” e num trabalho “transversal”. “O desenvolvimento ambientalmente sustentável é a prioridade, e isso arrasta as outras áreas”, explicou. O autarca detalhou também como ficaram distribuídas as funções na área do ambiente: “O trabalho em busca de um território harmonioso com a natureza ficará a cargo da vereadora Sofia Ferreira; já o foco para a candidatura está na vereadora Adelina Paula Pinto e com o Laboratório da Paisagem. É essa a transversalidade”.
“O Ambiente não esta partido em dois, está reforçado, a vice-presidente Adelina Pinto terá a responsabilidade da candidatura. O ambiente é, como eu disse, transversal à cultura, economia, património. Essa candidatura exige concentração e foco, portanto, está entregue à vice-presidente”, enquadrou Domingos Bragança.
O argumento foi secundado pela vereadora com o pelouro da candidatura. “O que foi intencional da nossa parte foi obviamente um reforço e não uma sobreposição”, referiu Adelina Pinto. O objetivo passa por deixar marcado no território esta “diferenciação”: “Há que olhar para o território e trabalhar para ele. A minha função é lobby político, de perguntar como é que esta narrativa de Capital Verde pode ser feita, e como conseguir fazer daquilo que se faz no dia-a-dia uma narrativa”.
Segundo Adelina Paula Pinto, “somos absorvidos pelo dia-a-dia” e este “reforço” traz uma dimensão “diferente” ao devir. “O que temos de discutir as duas é como ajustamos a prática da Divisão de Serviços Urbanos e Ambiente o que podemos aportar para uma candidatura sólida a Capital Verde Europeia”, disse.
“Obra” verde por mostrar
Para essa candidatura ser “sólida”, falta, nas palavras de Bruno Fernandes, “obra”: “Guimarães, apesar de ter definido ser Capital Verde não tem uma praia fluvial classificada. Não basta só sensibilização, essa é a parte mais fácil. Na parte que compete ao município não estamos a dar passos concretos. Praias, concessão de transportes, ecovias, ao fim de oito anos não deviam ser problemas, deviam ser as bandeiras”.
O social-democrata disse ainda que o “fatiar” do pelouro é o “reconhecimento do presidente de que a vereadora Sofia Ferreira não era capaz de ficar com esta missão da Capital Verde”.