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Área para raízes e podas na origem da queda e abate de árvores na Alameda

Tiago Dias
Sociedade \ sábado, outubro 28, 2023
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A falta de espaço para a raiz se expandir em largura foi uma das causas para a árvore que caiu na quarta-feira. Um outro exemplar foi abatido, em parte devido às podas drásticas realizadas há décadas.

A estrutura das raízes, com espaço diminuto para se expandirem em largura, foi uma das causas para a árvore que caiu na Alameda Rosas Guimarães na tarde de quarta-feira, causando danos em duas viaturas. A ocorrência motivou a intervenção dos Bombeiros Voluntários de Caldas das Taipas e também da GNR de Caldas das Taipas. Na sequência do contacto com o Serviço Municipal de Proteção Civil e da consulta das fotografias da árvore que caiu, a Junta de Freguesia de Caldelas adianta que a falta de espaço para a projeção das raízes em largura foi uma das causas para o sucedido.

“O problema daquelas árvores está exatamente na raiz, porque estas árvores acabam por ter raízes que precisam de espalhamento lateral para se fixarem. Sempre que são efetuadas intervenções à volta das árvores, mexe-se sempre nas raízes laterais que lhe dão a sustentação. Se forem analisadas as fotografias da árvore que caiu, efetivamente o suporte da árvore em termos de raízes era muito diminuto”, descreve o secretário da Junta, José Fonseca.

O responsável lembra que as várias intervenções urbanas, em passeios por exemplo, constituem sempre intervenções nas árvores, o que conduz à sua instabilidade, ainda para mais quando as raízes dos exemplares que ali se encontram – tílias, sobretudo – não se estendem em profundidade. “Às vezes, temos a ideia de que as raízes das árvores se estendem em profundidade, mas não. As raízes das árvores têm pouca profundidade e estendem-se em largura”, realça, lembrando que houve árvores mais expostas ao vento e à chuva daquele dia que se mantiveram firmes.

No dia seguinte, deu-se o abate de uma outra árvore, a cerca de uma dezena de metros. Essa operação foi aconselhada pelo arboricultor do Laboratório da Paisagem, Viriato Oliveira, após testar a podridão e a inclinação de todas as árvores na Alameda. “Fez um teste com um resistógrafo: faz um furinho na árvore e depois deteta se o tronco está com podridão ou não. Nessa árvore, avaliando a inclinação e o resultado que fez no resistógrafo, decidiu que necessitava de ser abatida. As restantes tiveram um resultado adequado, com um tronco saudável”, descreve ao Reflexo.

Uma das causas para a podridão em árvores quase centenárias como as da Alameda tem a ver com “podas feitas há 50 e 60 anos”, “muito drásticas”, acrescenta José Fonseca. “As podas realizadas na juventude destas tílias foram muito agressivas. A árvore não fecha e a podridão começa a entrar dentro da árvore. Temos algumas árvores debilitadas. Quanto mais se mexe numa árvore, pensamos que estamos a fazer bem, mas não estamos. Estamos a fazer mal”, reitera, sustentando que essa opinião se baseia nos pareceres científicos.