A pequena campeã que faz crescer a patinagem do CART
O CART – Centro de Atividades Recreativas Taipense está quase a comemorar 47 anos de existência. Fundado no dia 22 de dezembro de 1974, está incontornavelmente associado ao hóquei em patins, a sua modalidade mais representativa, mas é cada vez mais uma instituição que prima pelo ecletismo ao fazer-se representar em diferentes palcos. Foi em novembro de 2014 que a Academia de Patinagem do CART se apresentou ao público pela primeira vez e desde então ganhou espaço na vida do clube. Precisamente sete anos depois, no mesmo dia de 2021, o CART somou ao currículo uma participação inédita num campeonato nacional da modalidade e escreveu uma página de ouro no livro que conta a sua história.
Carolina Novais, de nove anos, é a protagonista deste capítulo. No Torneio Nacional de Benjamins, que se realizou na Guarda, sagrou-se campeã do escalão na disciplina de Solo Dance – totalizando 20.60 pontos – e subiu ao último lugar do pódio na prova de Patinagem Artística. A pouca idade não inibe Carolina de reconhecer que estas medalhas configuram o marco mais importante do seu percurso desportivo e de demonstrar ambição em juntar-lhes muitas mais. As duas medalhas que conquistou, uma de ouro e outra de bronze, deixaram o CART no segundo lugar por equipas no escalão de benjamins. A participar numa competição nacional pela primeira vez e apenas com uma atleta em prova, o clube taipense fez o inesperado: sagrou-se vice-campeão por equipas.
É a mãe de Carolina, Isabel Freitas, a primeira a reconhecer que as medalhas foram inesperadas: “fomos para lá sem contar com nada e saímos de lá com duas medalhas e ainda por cima com um pódio, o segundo lugar, para o clube apenas com uma atleta”. Para a mãe da agora campeã nacional de patinagem artística, “o CART é como uma segunda família” e por isso nunca separa o clube da carreira desportiva que a filha está a construir. Afinal, é no CART que Carolina “passa a maior parte do tempo”. A ligação começou há cinco anos, quando a filha tinha apenas quatro, e já tinha dado frutos antes de chegar aos palcos nacionais. As duas medalhas que ganhou no Torneio de Verão, organizado pela Associação de Patinagem do Minho em 2020, servem de exemplo.
Se a filha diz que quer ganhar mais medalhas, a mãe afirma que a Carolina “tem noção de que tem de trabalhar ainda mais”. O resultado deste trabalho orgulha a mãe e dá esperanças à delegada. É que Isabel Freitas não é só mãe de uma atleta campeã; é também colaboradora do CART e, nessa função, espera que as medalhas de Carolina levem mais atletas a praticar a modalidade e que, no futuro, possa fazer com que o CART tenha “mais atletas em competições destas”.
A patinagem é, de acordo com Maria Pinto, presidente do CART, “uma modalidade que tem trabalhado muito sozinha, com muito apoio dos pais”. Para ilustrar aquilo que diz, explica que foram os pais de Carolina que custearam a viagem à Guarda. O clube conseguiu pagar a viagem dos treinadores, mas a esperança é que “no futuro possamos ter apoios para fazer a deslocação no total”. E, no futuro, também há, tal como disse Isabel, o objetivo de “ter mais atletas em provas nacionais” e “mais apoios” para a modalidade. Apoios esses que, até agora, “nunca conseguimos ter”. Uma dificuldade agravada pela pandemia e que afeta “a vida geral do clube”.
Quanto às medalhas conquistadas na Guarda, Maria Pinto destaca e agradece o “rigor” com que a atleta trabalha e não se esquece de dirigir uma palavra a Diogo Moreno e Joana Duarte, a equipa técnica de solo dance, e a Rodrigo Viegas, treinador de patinagem livre. Afirma que estas medalhas são o “resultado de muito trabalho feito nos últimos dois anos”. Aponta os benefícios de ter uma atleta medalhada numa competição nacional: “ficarmos na rota dos clubes que têm patinagem artística”, “atrair mais atletas” e fazer com que “o clube seja reconhecido na modalidade”.
Com a época desportiva de 2021 a entrar na reta final, as atenções do CART estão viradas para a Taça do Minho. A competição, que vai decorrer nos dois próximos fins-de-semana, nos dias 11, 12, 18 e 19 de dezembro, vai pôr um ponto final na temporada. O encerramento do evento está agendado para o pavilhão do clube taipense. Isto significa que “esta época, a Associação de Patinagem do Minho começou as provas no CART e vai acabar as provas no CART”. Depois de encerrada a época vai chegar o momento de planear a de 2022. O clube vai dar início à nova temporada com mais medalhas no palmarés, representado por uma campeã nacional de patinagem e com a certeza de que a modalidade é, cada vez mais, uma importante na vida do CART.
[ndr] artigo originalmente publicado na edição de dezembro do Jornal Reflexo.