
A evolução e a identidade musical dos Noise At Valve
A banda Noise at Valve tem vindo a consolidar a sua identidade no panorama musical alternativo, destacando-se pelo seu percurso de evolução técnica e pela influência de múltiplos estilos ao longo dos anos. Formada por três amigos – Álvaro Mendes (guitarrista e vocalista), Mário Teixeira (baixista e segundas vozes) e João Piairo (baterista) –, o grupo reflete sobre a sua trajetória, as suas inspirações e a forma como encaram a música e os concertos.
No início da sua jornada, os membros da banda reconhecem que a sua abordagem musical era mais simples e crua, tanto pela inexperiência como pela falta de referências diversificadas. No entanto, ao longo dos anos, foram explorando novas sonoridades e desenvolvendo as suas habilidades técnicas. Apesar de não serem teóricos da música, a evolução instrumental é evidente, permitindo-lhes criar composições mais ricas e elaboradas. O baixo, inicialmente considerado um instrumento de fácil aprendizagem, tornou-se um elemento central na estrutura das suas músicas. A evolução individual e coletiva dos membros reflete-se na complexidade crescente das composições, fruto não apenas da prática, mas também das influências musicais que foram absorvendo ao longo do tempo.
Os ensaios da banda são marcados por um ambiente de camaradagem e partilha. Apesar das dificuldades de conciliar horários, devido às exigências profissionais de cada um – Álvaro é arquiteto, Mário é personal trainer e João trabalha na área de business development no setor de embalagens –, os Noise at Valve encontram sempre tempo para se reunirem, habitualmente em horários tardios. Mais do que uma necessidade artística, os ensaios tornaram-se momentos de convívio, fortalecendo os laços entre os membros.
Antes dos concertos, cada um tem o seu próprio ritual. Enquanto dois dos elementos preferem estar juntos e alimentar o espírito de grupo, um deles opta por um momento de introspeção e concentração. Em palco, a banda encontra um espaço de conforto e prazer, onde a energia da atuação se mistura com a interação com outras bandas e públicos distintos. Para os Noise at Valve, a troca de experiências com outros músicos é fundamental para o seu crescimento e enriquecimento artístico.
As influências da banda são vastas e refletem os gostos individuais dos seus membros. Desde Sonic Youth a Queens of the Stone Age, passando por Smashing Pumpkins e Idles, os Noise at Valve bebem inspiração de diferentes vertentes do rock, sem nunca se prenderem a um único estilo. A constante descoberta de novas bandas e sonoridades é algo que os motiva, sendo um reflexo da sua mentalidade aberta e exploratória.
Nos últimos anos, a banda enfrentou alguns desafios que acabaram por atrasar os seus planos de gravação e lançamento de novas músicas. Apesar dessas pausas, voltaram a reunir-se e, desde o verão passado, retomaram o trabalho em estúdio. Atualmente, encontram-se a gravar quatro temas, mas decidiram que, em vez de um lançamento em formato de álbum, cada uma dessas músicas será lançada como single ao longo do tempo. Esta abordagem permite que cada composição seja apresentada de forma individual, respeitando a sua identidade e contexto de criação. A banda reconhece que há uma diferença entre as músicas compostas na adolescência e as mais recentes, e essa decisão reflete essa evolução natural.
O primeiro single a ser lançado será "You Could Be The One", a mais recente composição do grupo. Consideram que esta música representa bem a versatilidade da banda e acreditam que é a escolha ideal para marcar esta nova fase. O lançamento será acompanhado por um videoclipe e estará disponível em várias plataformas digitais. Após este primeiro lançamento, os restantes temas serão disponibilizados progressivamente, permitindo que cada um tenha o seu próprio momento e destaque.
Os Noise at Valve continuam a crescer e a moldar a sua sonoridade, mantendo a autenticidade e o prazer de criar música. Com um percurso marcado pela evolução, pelas influências diversificadas e pelo espírito de grupo, a banda segue firme na sua identidade, sempre aberta a novas experiências e colaborações que possam enriquecer ainda mais o seu universo sonoro.
[Conteúdo publicado originalmente na edição de Março 2025 do jornal Reflexo]