Das Taipas para as mãos de Miguel Oliveira
De início a fim na liderança da prova; orgulho nacional. Miguel Oliveira venceu no dia 22 de novembro, domingo, o Grande Prémio do Algarve de MotoGP, um feito para o português, que fez elevar o orgulho na nação. Abertura de noticiários televisivos, capa dos jornais, o tal feito de Miguel Oliveira mexeu com os portugueses; a vila das Taipas não foi exceção, e até de forma mais vincada. Não fosse o troféu erguido por Miguel Oliveira, o símbolo da glória, produzido nas Taipas.
O troféu que esteve nas bocas do mundo, em particular em Portugal, foi produzida na empresa Logcup – José Maria Cunha de Deus Lda, junto ao centro da vila. Das Taipas para as mãos de Miguel Oliveira, como escreveu o Reflexo na sua página de Facebook quando o motociclista português elevou o ansiado troféu.
“O que deu mais ênfase ao troféu foi o facto de ter sido o Miguel Oliveira e vencer, porque se fosse outro motociclista provavelmente não tinha o impacto que teve. Já costumamos fazer troféus e placas de homenagem para grandes eventos. Temos clientes espalhados um pouco por Portugal inteiro e até além-fronteiras; claro que um Mundial Moto GP e o facto de ter sido em Portugal dá um impacto maior. Ficamos satisfeitos ao ver o impacto que teve”, refere Filipe Deus, um dos sócios-gerentes.
Uma ideia corroborada por Licínia Deus, também sócio-gerente da empresa que já tem mais de três décadas de experiência: “Claro que é um orgulho, claro que sim. Ainda por cima o design é nosso, trata-se de um troféu que foi produzido cá de raiz, apenas nos foi fornecido o formato da pista. Todo o desenvolvimento sendo cá ainda mais nos enaltece um pouco. Não estamos habituados a estas andanças, mesmo tendo muitas vezes vários produtos nossos na Comunicação Social, porque estamos um pouco mais na retaguarda porque trabalhamos para revenda e na linha da frente estará sempre o nosso cliente. Ou seja, não trabalhamos com o consumidor final”.
Produzido em ferro e madeira, o troféu que Miguel Oliveira tem 49cm de altura e pesa sensivelmente três quilos. Foi produzido nas Taipas à boleia de um dos parceiros comerciais com quem a Logcup trabalha. “Temos parceiros comerciais espalhados por todo o país, como já foi referido; neste caso foi um desses nossos parceiros, em Portimão, que costuma trabalhar frequentemente com o autódromo, o que leva a que indiretamente também trabalhamos porque somos o fabricante”.
Licínia Deus explica ao Reflexo os requisitos que foram feitos pelo promotor do evento. “O requisito que nos fizeram é que tinha de ter o formato do Autódromo do Algarve. Foi-nos fornecido o layout da pista e a partir daí foi feita a conceção em termos de design, e depois foi feito o corte, o acabamento e a montagem em si. Outro dos requisitos era não poder ter mais de quatro quilos e também o facto de não poder ter qualquer componente em plástico. Claro que é um trabalho que requer algum preciosismo. É um prémio à medida que tem um trabalho diferente”, aponta.
Entre design, testes, protótipos e confeção das peças finais, até porque foram feitos mais do que um troféu, não só para o MotoGP mas também para o Moto 3, por exemplo, o processo demorou sensivelmente três semanas. Um processo que exige mais mão de obra por se tratar de uma peça exclusiva e não standard. Algo que, de resto, é a atual tendência do mercado, o que obriga a que o setor se tenha de readaptar. “O primeiro modelo que fizemos tinha fundo em acrílico, mas depois o promotor disse que não queria matérias plásticas, optou-se por fazer em ferro. Fez-se de acordo com o pedido do promotor. Até chegar ao modelo final fizemos, pelo menos, mais dois modelos. De qualquer forma, de início até ao final demorou sensivelmente três semanas”, destaca Licínia Deus.
Apesar de já se ter produzido troféus e placas comemorativas para diversos eventos, alguns também eles de nomeada, este foi sem dúvida o trabalho mais badalado produzido na José Maria Cunha de Deus Lda. A empresa fundada em 1982 trabalha com quase todas as federações desportivas e inclusive já fez trabalhos para a presidência da república. O feedback, apesar de não ser muito, tem sido positivo. “As pessoas mais próximas de nós obviamente que ficaram satisfeitas e dão-nos os parabéns. Fora isso, não temos tido um feedback muito grande, porque como foi feito em parceria com o nosso parceiro do Algarve, até quem colhe mais os louros é ele, numa maneira de dizer, porque é o intermediário. Tal como em muitos outros casos estamos na retaguarda”, sublinha Filipe Deus.
Os louros da vitória ficaram, obviamente com Miguel Oliveira, o português acelerou a toda a velocidade para o primeiro lugar, mas um pouco do triunfo, ainda que uma ínfima percentagem, é sentida nas Taipas. Ao fim de contas, o troféu que todos os participantes ambicionavam foi produzida na vila.